ATA DA QUADRAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM
07.06.1999.
Aos sete dias do mês de junho do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão,
Cyro Martini, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, João Bosco Vaz,
João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann,
Maristela Maffei, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato
Guimarães, Sonia Saraí e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram
os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Décio
Schauren, Fernando Záchia, Gilberto Batista, Helena Bonumá, Hélio Corbellini,
Isaac Ainhorn, João Motta, Luiz Braz e Sônia Santos. Constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou
a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quadragésima Primeira Sessão
Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora Clênia
Maranhão, o Pedido de Informações nº 83/99 (Processo nº 1815/99); pelo Vereador
Eliseu Sabino, 03 Pedidos de Providências e a Indicação nº 36/99 (Processo nº
1826/99); pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE
constaram: Ofício nº 967/99, do Deputado Flávio Koutzii, Chefe da Casa Civil do
Estado/RS; Impresso da Federação Catarinense de Municípios - FECAM e da
Federação Argentina de Municípios - FAM, divulgando o 2º Encontro Internacional
de Regiões e Governos Locais - Mercosul e Europa, em Florianópolis/SC. A
seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, aos
Senhores Volmir Gnoatto e Abel Flores, respectivamente Presidente da
Cooperativa Habitacional Vale das Pedras e Presidente da Associação de
Moradores Jardim Primeiro de Maio, que discorreram a respeito da atual
sistemática de funcionamento do Programa de Orçamento Participativo implantado
pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, defendendo a manutenção deste
programa nos termos em que está constituído e destacando a importância da
mobilização da comunidade para a busca, junto ao Poder Público, de soluções
para os seus problemas. Na oportunidade, o Vereador Reginaldo Pujol
manifestou-se a respeito da Tribuna Popular. Às quatorze horas e dezoito
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
quatorze horas e dezenove minutos, constatada a existência de “quorum”. Após, o
Senhor Presidente registrou a classificação do Sport Club Internacional para a
fase final do Campeonato Gaúcho de Futebol. Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 51/99, discutido
pelos Vereadores João Dib, José Valdir e Reginaldo Pujol, o Projeto de
Resolução nº 26/99, discutido pelo Vereador Renato Guimarães; em 2ª Sessão, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 173/98, discutido pelo Vereador Reginaldo
Pujol, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 55, 58, 62, 63 e 65/99, este
discutido pelos Vereadores José Valdir e João Bosco Vaz; em 3ª Sessão, os Projetos
de Lei do Legislativo nºs 135/97, 53, 57 e 44/99, este discutido pelos Vereadores
José Valdir e Renato Guimarães. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou
a realização, dia primeiro de junho do corrente, de reunião da Comissão de
Constituição e Justiça, na qual foram abordadas questões atinentes à denominação
de logradouros públicos em Porto Alegre, reunião que contou com a presença do
Senhor Secretário do Planejamento Municipal, tendo o Vereador Renato Guimarães
manifestado-se a respeito. A seguir, o Vereador Renato Guimarães formulou
Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante
na Ordem do Dia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal
reportou-se à proposta de Portaria elaborada pelo Senhor José Paulo Bisol,
Secretário Estadual da Justiça e da Segurança, a qual disciplina o uso de armas
de fogo por agentes de polícia. Também, teceu considerações a respeito de
Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional, que proíbe a
comercialização de armas de fogo no Brasil. O Vereador Luiz Braz teceu críticas
às políticas do Governo do Estado para a geração de empregos no Rio Grande do
Sul, comentando veto aposto a Projeto de Lei em tramitação na Assembléia Legislativa,
que prevê a criação de frentes de trabalho no Estado. Também, manifestou sua
contrariedade à política tributária adotada pelo Executivo Municipal com
relação a novos empreendimentos comerciais e industriais na Cidade. O Vereador
Cláudio Sebenelo procedeu à leitura de artigos publicados no Jornal ABC, em sua
edição do dia seis de junho do corrente, referentes à contratação de empresa de
produção audiovisual pelo Governo do Estado, bem como à participação do
Governador do Estado em evento alusivo à Semana do Meio Ambiente, propugnando
pela adoção de medidas que visem à conservação dos recursos naturais existentes
em Porto Alegre. O Vereador Hélio Corbellini externou sua preocupação com os
rumos que vêm sendo tomados pelas discussões referentes à proposta da
Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança, que regulamenta o uso de armas
de fogo pelos integrantes das forças policiais gaúchas, comparando dados relativos
à aplicação de normas semelhantes em outros países e destacando que, nestes
casos, tais medidas propiciaram uma redução nos índices de criminalidade
urbana. A Vereadora Helena Bonumá discorreu sobre o sistema de segurança
pública existente no Estado, afirmando que a proposta da Secretaria Estadual da
Justiça e da Segurança, de regulamentação do uso de armas pela Polícia, tem por
objetivo estabelecer uma política de segurança vinculada ao exercício da cidadania.
Ainda, manifestou-se a respeito do Projeto “Mãos Dadas”, instituído durante a
administração do Senhor Antônio Britto à frente do Governo Estadual. O Vereador
Reginaldo Pujol analisou aspectos relativos à proposta de Portaria elaborada
pela Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança, que visa disciplinar a
utilização de armas de fogo pelas forças policiais do Estado. Também, discorreu
sobre Projeto de Lei de iniciativa do Executivo Federal, atualmente em
tramitação no Congresso Nacional, que proíbe a venda de armas de fogo em todo o
território nacional. O Vereador Isaac Ainhorn questionou proposta apresentada
pela Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança, quanto ao uso de armas de
fogo pelos agentes de segurança pública. Também, teceu considerações sobre a
possibilidade de proibição da venda de armas no Brasil, salientando que a
aprovação de tal medida incentivará o comércio clandestino de armas de fogo. A
seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA e
aprovado o Requerimento verbal do Vereador Renato Guimarães, anteriormente
apregoado, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na
Ordem do Dia. Na oportunidade, o Vereador Eliseu Sabino, através de Questão de
Ordem, convidou os Senhores Vereadores para participarem de Sessão Solene a ser
realizada no dia dez de junho do corrente, em homenagem ao Dia do Pastor, e o
Senhor Presidente registrou a presença do ex-Vereador Dilamar Machado. Após,
foi apregoada a Emenda nº 01, de autoria do Vereador Guilherme Barbosa, ao Projeto
de Resolução nº 50/98, tendo o Vereador João Dib manifestado-se a respeito
através de Questão de Ordem. Também, foi aprovado Requerimento do Vereador
Renato Guimarães, solicitando dispensa do envio da Emenda nº 01 à apreciação de
Comissões Permanentes, nos termos do artigo 170, § 2º, do Regimento. Em
Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 50/98 após
ser discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Cláudio Sebenelo, Helena Bonumá,
Renato Guimarães, Clênia Maranhão, Pedro Américo Leal, Sonia Saraí, José
Valdir, João Dib e Luiz Braz e encaminhado à votação pelos Vereadores Elói
Guimarães, Lauro Hagemann e Renato Guimarães. Durante a apreciação deste
Projeto, os Vereadores Décio Schauren, Lauro Hagemann, Tereza Franco, Guilherme
Barbosa e Eliseu Sabino cederam seus tempos de discussão aos Vereadores Helena
Bonumá, Renato Guimarães, Clênia Maranhão, Sonia Saraí e Luiz Braz,
respectivamente. Após, foi aprovada a Emenda nº 01 aposta ao Projeto de
Resolução nº 50/98. Ainda, foi apregoado o Ofício nº 303/99, do Senhor Prefeito
Municipal, comunicando que deverá ausentar-se do Município, a partir das dezenove
horas do dia sete de junho do corrente até as vinte e três horas do dia oito de
junho do corrente, face Audiência Pública com a Comissão de Reforma Tributária
da Câmara Federal, em Brasília/DF. Às dezessete horas e cinco minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezessete horas e oito
minutos, constatada a existência de "quorum". A seguir, o Senhor
Presidente prestou esclarecimentos acerca do encaminhamento a ser dado à
votação do Projeto de Resolução nº 32/97, tendo o Vereador Reginaldo Pujol,
através de Questão de Ordem, manifestado-se a respeito. Em Votação, foi
aprovado o Projeto de Resolução nº 32/97, com ressalva das Emendas nºs 01 a 06
e da Subemenda nº 01 à Emenda nº 06 a ele apostas, após ser encaminhado à
votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Pedro Américo Leal. Foram aprovadas
as Emendas nºs 02, 04 e 05 ao Projeto de Resolução nº 32/97. Na oportunidade, o
Senhor Presidente comunicou visita a esta Casa a ser efetuada pelo Senhor José
Fialho Alonso, Presidente da Fundação de Economia e Estatística - FEE, às
dezesseis horas do dia oito de junho do corrente. Às dezessete horas e quinze
minutos, constatada a inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum e
secretariados pelos Vereadores Eliseu Sabino e Paulo Brum, este como Secretário
"ad hoc". Do que eu, Eliseu Sabino, 3º Secretário, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos à
TRIBUNA POPULAR
A
entidade inscrita é o Conselho Popular da Lomba do Pinheiro, para falar sobre
orçamento participativo e movimento popular.
Recebemos,
do setor de Relações Públicas, documento em que consta que o tempo regimental
de intervenção da entidade - dez minutos - será divido entre o seu Presidente,
Sr. Volmir Gnoatto, e o Sr. Abel Flores, Presidente da Associação dos Moradores
do Jardim Primeiro de Maio.
O
Sr. Volmir Gnoatto, representando o Conselho Popular da Lomba do Pinheiro, está
com a palavra, pelo tempo de cinco minutos.
O SR. VOLMIR GNOATTO: Sr. Presidente, Sr. Secretário, Sras.
Vereadoras, Srs. Vereadores e público presente.
Meu
nome é Volmir Gnoatto, sou Presidente da Cooperativa Habitacional Vale das
Pedras, na Lomba do Pinheiro, e estou representando o Conselho Popular da Lomba
do Pinheiro. Vou defender o Orçamento Participativo.
Eu
penso que o Orçamento Participativo veio para a melhoria das vilas mais pobres
da Grande Porto Alegre. Nós sabemos que, até poucos anos atrás, eram
beneficiadas somente as regiões mais próximas; as vilas da periferia não eram
atingidas. O Orçamento Participativo trouxe uma grande vantagem: autonomia para
o povo decidir sobre as obras da Cidade. O dinheiro usado para a realização
dessas obras é público, portanto, o povo é que tem que decidir sobre elas. Os
moradores se reúnem, se organizam para decidir onde vai ser aplicado esse
dinheiro. Não é mais como antigamente, quando os prefeitos e os vereadores
decidiam sobre a realização das obras, que acabavam sendo as que eles queriam,
por amizade com alguns que se diziam representantes de uma comunidade. Não é
por aí. O orçamento deve ser discutido pelas comunidades. O povo reunido deve
saber onde vai ser aplicado o dinheiro do imposto que ele paga.
A
Lomba do Pinheiro, nos últimos anos, tem crescido bastante. Tudo isso foi em
função do Orçamento Participativo, que, nas últimas plenárias, chegou a quase
100% de participação. Por quê? Porque o pessoal participando do Orçamento
Participativo se sente bem, sente-se valorizado. Antigamente não se via
mobilização nenhuma nas associações, nos movimentos. E hoje temos mais de
cinqüenta entidades abrangendo o Conselho Popular da Lomba do Pinheiro. Então,
o Conselho discute muito mais o Orçamento Participativo. Sabemos muito bem que
os valores do orçamento não vem só da Prefeitura, vem do Estado e do Governo
Federal.
Então,
é importante que o Orçamento não seja mudado, deve continuar como está. Porque
Porto Alegre é considerada pelos especialistas uma das metrópoles mais
importantes em qualidade de vida, por causa do Orçamento Participativo, porque
o povo foi discutir onde seriam aplicados os investimentos, que antes eram mais
centralizados. Hoje, em todas as regiões da Cidade, se vêem melhorias.
Na
minha região, alguns anos atrás não tínhamos asfalto, postos de saúde,
colégios. Hoje, vemos melhorias em todas essas áreas. Por isso é importante
continuarmos com o Orçamento Participativo, e não da forma como vinha sendo
feito antes.
Por
isso, defendemos o Orçamento Participativo, que deve continuar como está, pois
time que está jogando bem não se muda.
Sobre
a questão dos investimentos, sabemos que o Governo Federal está fazendo cortes
em mais de 50% de entidades. Tudo isso prejudica o Orçamento Participativo,
pois sabemos que a Prefeitura não faz milagres, ela tem o seu orçamento e
depende de outros recursos. Nesta hora, não deveríamos pensar em partidos
políticos, não deveríamos olhar que partido é ou que partido foi, mas visar ao
bem comum.
Não
sou filiado a partido nenhum, falo como cidadão que paga seus impostos e quer
ver onde vai ser aplicado o dinheiro. Esta é a importância que damos ao
Orçamento. Todos sabem as dificuldades que temos na área da habitação. Hoje,
como alternativa, as cooperativas estão-se organizando para buscar recursos,
porque só a Prefeitura, o Estado e o Governo não conseguem resolver todos os
problemas, e, com uma parceria junto às cooperativas e às sociedades
organizadas, nós conseguimos amenizar um pouco esse problema.
Agradeço
pela oportunidade de poder falar nesta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Abel Flores, Presidente da
Associação dos Moradores do Jardim Primeiro de Maio, está com a palavra.
O SR. ABEL FLORES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sou
Presidente de uma Vila que fica na periferia de Porto Alegre. Sou
porto-alegrense por opção; cheguei ao Brasil há vinte anos e moro na Lomba do
Pinheiro há doze anos, que coincide com a data em que Porto Alegre teve a
primeira vez o Orçamento Participativo.
Nós
sentimos uma mudança muito grande na Lomba do Pinheiro, que é o lugar em que
moramos, por isso que estamos aqui para defender o Orçamento Participativo do
jeito que está.
Faz
quinhentos anos que o Brasil foi descoberto por imigrantes conquistadores
europeus e as minorias, as pessoas que menos têm, sempre foram arrasadas pelo
poder econômico dos europeus, e hoje temos todas essas crises que vivenciamos
no País.
Porto
Alegre tem duzentos e vinte e sete anos de existência e doze anos de Orçamento
Participativo. Não sei se todos os Vereadores acompanham o que acontece na
periferia de Porto Alegre, porque, geralmente os Vereadores ficam onde há mais
população, que é a zona central da Capital. Nós, na periferia, sentimos muito a
mudança com o Orçamento Participativo, através do qual conseguimos muitas
benfeitorias por causa das nossas lutas em que o povo decide. É muito
importante para nós, o povo, tomarmos essa decisão, sabendo que hoje a Prefeitura
tem muitos problemas em virtude dos problemas econômicos do País e do mundo.
Existe
a Lei Kandir e outras leis que evitam o desenvolvimento do Município, não só de
Porto Alegre, mas de todos os municípios. Graças a Deus, o Município de Porto
Alegre está bem, temos uma Prefeitura muito bem conceituada no mundo inteiro,
porque várias pessoas vieram de outros países para ver como funciona o
Orçamento Participativo, o que significa que ele está funcionando bem. Por que
mudá-lo? Como dizia o meu companheiro que falou antes, em time que está
ganhando não se mexe. Sentimos no dia-a-dia como as mudanças acontecem, porque
antes, governos anteriores ao PT nunca fizeram nada pelas pessoas que vivem na
periferia ou, se fizeram, foi muito pouco, ou só em época de eleição. O povo de
Porto Alegre está ciente de que não é somente na época da eleição que quer as
benfeitorias, as obras nas vilas, mas isso deve ser feito no dia-a-dia. Por
isso, todos os anos nós vamos à luta, através do Orçamento Participativo,
pedindo mais ruas com asfalto, mais creches, etc.
Apelo
aos Vereadores que deixem o Orçamento Participativo como está. Para que mexer
em algo que o povo sabe que está bem-feito? O povo vai lembrar desse fato na
época das eleições, de que mudou o Orçamento Participativo. Se há 12 anos que
está funcionando bem, por que mudar agora?
Hoje
em dia o povo sabe discernir a verdade quando vêm os políticos com discurso
bonito, falando para enrolar as pessoas. Nós sabemos que o povo de Porto Alegre
é um dos mais cultos do Brasil, um dos mais politizados, então não adianta os
políticos virem com promessas de que vão mudar. Nós sabemos que Porto Alegre é
a Cidade de melhor qualidade de vida do Brasil. Isso acontece porque nós
decidimos o que fazer com as verbas do Município. Acredito que se o Orçamento
Participativo está bom, então não devemos mudar, para que continuemos sendo a
Capital de melhor qualidade de vida. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convido o Sr. Abel Flores para compor a
Mesa Diretora dos Trabalhos.
Esclareço
ao Líder do PFL que não abrirei tempo às Lideranças, a não ser para conjecturas
relativamente ao tema abordado na Tribuna Popular.
O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, um
registro muito breve só para dizer da satisfação que temos de ver a Tribuna
Popular ser ocupada por autênticas lideranças populares.
O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos para as
despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h18min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h19min): Estão reabertos os trabalhos.
Queremos
cumprimentar os Srs. Vereadores e funcionários colorados, pois ontem o Sport
Club Internacional se classificou para as semifinais do campeonato gaúcho.
Passamos
à
PAUTA
(05 oradores/05 minutos/com apartes)
1ª SESSÃO
PROC.
1570/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 051/99, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que
dispõe sobre a colocação do nome do bairro nas placas indicativas de nomes dos
logradouros e equipamentos públicos.
PROC.
1793/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 026/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que altera o
Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, incluindo § 2º no Art. 152 e
renumerando o Parágrafo único para § 1º. (inscrição para discussão da Pauta)
2ª SESSÃO
PROC.
3385/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 173/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
denomina Rua Arthur Mickelberg um logradouro público localizado no Bairro Vila
Nova.
PROC.
1607/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 055/99, de autoria do Ver. Adeli Sell, que
institui o Dia de Prevenção a Acidentes Toxicológicos no Município de Porto
Alegre.
PROC.
1665/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 058/99, de autoria do Ver. Luiz Braz, que
denomina Rua Odorico Fantinel um logradouro irregular localizado no Bairro
Belém Novo.
PROC.
1687/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 062/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto
Garcia, que denomina Praça Professor Cel. Jacintho Francisco Targa um
logradouro público localizado no Bairro Partenon.
PROC.
1698/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 063/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto
Garcia, que denomina Rua Professor Adil Müller Quites um logradouro público
localizado no Bairro Cascata.
PROC.
1711/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 065/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que
disciplina o uso de bicicletas nas praças e parques de Porto Alegre.
3ª SESSÃO
PROC.
2354/97 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 135/97, de autoria do Ver. Cyro Martini, que
denomina Rua Alberto Moraes um logradouro público localizado no Bairro Belém
Novo.
PROC.
1491/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 044/99, de autoria do Ver. Gilberto Batista, que
institui a Semana de Prevenção à Hepatite no Município de Porto Alegre e dá
outras providências.
PROC.
1595/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 053/99, de autoria do Ver. José Valdir, que
denomina Rua Amabile Samarani Ferreira um logradouro irregular localizado no
Bairro Aberta dos Morros.
PROC.
1655/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 057/99, de autoria do Ver. Antônio Losada, que
denomina Praça Marcos Machado um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, na
Pauta do dia de hoje, nada menos do que doze Projetos de Lei. Todos têm a sua
importância, mas um deles me chama atenção especial, e vou dar ao seu autor, o
nobre Ver. Cláudio Sebenelo, o prêmio do Vereador com maior esperança neste
Plenário. Seu Projeto de Lei pretende a colocação do nome do bairro nas placas
indicativas de nomes de logradouros e equipamentos públicos. É um Projeto
sensível, inteligente, mas é o campeão da esperança. Esta Administração que aí
está não vai colocar o nome do bairro, não vai colocar o nome das placas nos
logradouros.
Em
1995, fiz um Projeto de Lei, denominando 1995 o “Ano da Denominação dos
Logradouros Públicos”. Fiz no orçamento de 1994 para 1995 uma reserva de verba
para que os logradouros fossem denominados. O Prefeito sancionou os dois, a
Emenda e o Projeto, mas não colocou as placas. E a Lei é de 1950, Lei nº 383,
que era o antigo Código de Posturas, dizia no seu artigo 25, parágrafo 3º:
“Logo
que tenha sido dado nome a uma via pública ou logradouro, serão colocadas, por
conta da municipalidade, a respectiva denominação. As placas respectivas como
segue: a) nas ruas, as placas serão colocadas nos cruzamentos, duas em cada
rua; uma de cada lado à direita na direção do trânsito no prédio da esquina ou,
na sua falta, em poste colocado em terreno de esquina; b) nos largos e
praças, as placas serão colocadas à direita na direção do trânsito nos prédios
ou terrenos de esquina com outras vias públicas”.
Era
o Código de Posturas de 1950. Disseram os doutos da Procuradoria do Município
que essa Lei não está mais em vigor. Equivocam-se todos, porque a atual Lei
Complementar nº 12, que é o Código de Posturas do Município, é de autoria deste
Vereador, e no seu artigo final diz que se revogam as disposições em contrário.
Essas disposições não estavam colocadas no novo Código de Posturas. Portanto,
estão valendo. Mas, mais do que isso, o Plano Diretor, o Código de Edificações
também diz que cabe à Prefeitura a denominação das ruas. Com isso, Ver. Cláudio
Sebenelo, eu lhe atribuo o título de campeão do otimismo, pelo inteligente
Projeto, sem dúvida nenhuma.
É
importante que as pessoas saibam em que bairro estão localizadas, mas não temos
as placas denominativas das ruas. Alguns milhares de placas seriam necessários
e indispensáveis, não para os turistas que aqui chegam, mas também para a
maioria dos porto-alegrenses que precisam se localizar e não sabem mais em que
rua andam. É válido o Projeto de V. Exa. Vai ter o meu voto, sem dúvida
nenhuma, mas o seu otimismo é maior do que o resultado que vai gerar o seu
Projeto de Lei. O mundo vive mesmo é do otimismo, é da certeza que temos de que
amanhã há de ser melhor do que hoje. Portanto, o cumprimento mais uma vez.
Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir a Pauta. O Ver. José Valdir está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta
Casa, realmente, é uma Casa plural. Nós, que tínhamos o Vereador dos padres,
agora temos o Vereador das placas também. Sobre esta questão das placas, o Ver.
João Dib insiste em uma tese que fica o subterfúgio do seu pronunciamento. Dá a
impressão de que este problema, que é real, constatamos a ausência de placas
nas ruas, é um problema recente, talvez da Administração Popular para cá. Não
é. Desde o início da década de 70 que eu convivo com este problema. Eu diria
que o problema de ausência de placas é até estrutural na Cidade. Para citar um
exemplo, na Zona Norte, na Vila Elizabete nunca existiu placas nas ruas, nem na
minha rua, nem no Parque dos Maias, só para citar as mais antigas da Zona
Norte, eu poderia citar várias.
Assim,
o problema é real. O Ver. João Dib coloca certo, este problema não é só do
turista, é problema de quem mora e quer se deslocar para um bairro desconhecido
e tem problema em se orientar.
O
problema é tão antigo quanto o Caminho da Capela, em Porto Alegre.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. José Valdir, V. Exa. tem absoluta razão: este problema
não é atual, é bem mais antigo do que a Administração da Prefeitura atual; mas,
apenas agora a Prefeitura tem muito dinheiro, tanto que no ano passado sobraram
vinte e cinco milhões de reais, poderiam com um milhão de reais terem colocado
todas as placas.
O SR. JOSÉ VALDIR: Como é recente a aplicação deste
dinheiro, como falou o Ver. Reginaldo Pujol dizendo que este dinheiro veio de
lideranças autênticas, como é também recente a solução de alguns problemas
históricos desta Cidade, lá na periferia.
O Sr. Renato Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu contribuo com a sua intervenção dizendo que eu presto muita
atenção sobre estes debates de denominação, por causa de uma intervenção sua,
há um tempo, quando contou que, ao acordar, numa manhã, ficou sabendo que sua
rua tinha trocado de nome. Acho que temos que ser cuidadosos ao acompanhar
estes Projetos que denominam as ruas.
Quero
dizer também que não é só agora que a Prefeitura tem muito dinheiro. No período
do “milagre brasileiro”, todos sabem que foi despejado muito dinheiro nesta
Cidade, só que não foi bem utilizado.
O SR. JOSÉ VALDIR: É verdade, Ver. Renato Guimarães, o seu
aparte complementa as minhas colocações.
Nós
temos em Pauta dois outros Projetos. Um Projeto que cria a Semana de Prevenção
da Hepatite. Tenho uma bronca com esse tipo de Projeto que procura transformar
num evento de uma semana, ou de um dia, algo que tem que ser uma preocupação
permanente da administração. Penso que atividades como a prevenção da hepatite
ou de outras doenças têm que ser permanentes da administração. E, se isso não
está sendo feito permanentemente, cabe toda a crítica à fiscalização do
Executivo, a pressão do Legislativo frente ao Executivo.
Agora,
nós criarmos uma semana de prevenção e ainda colocarmos no Projeto que o evento
de que trata o caput será realizado no mês de outubro e passará a integrar o
calendário de eventos oficiais do Município? Aí é realmente transformar algo
que deveria ser uma ação permanente do Executivo num eventismo. Discordo até
pela formulação, talvez numa linguagem inadequada, talvez. Mas creio que revela
um pouco do conteúdo que está por trás dessas idéias de transformar algo que
deve ser uma ação permanente dos Executivos num eventismo de uma semana, de um
dia. Teremos aí dia para tudo e dá a impressão de que todos os problemas vão
ser resolvidos por aí.
Não
deu para eu falar em um Projeto que o Ver. João Dib chamou a atenção, eu não
estava convencido, mas o Vereador chamou a atenção da importância porque é um
Projeto que regulamenta a questão do uso das bicicletas nos parques. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nesta
Pauta de discussão preliminar há dois assuntos que somados entre si
representarão, sem dúvida nenhuma, a celebração e a confirmação, na Cidade, de
uma homenagem mais do que merecida, que fará, a partir da aprovação do Projeto
de Lei de nossa autoria, Ver. Pedro Américo Leal, que denomina um logradouro
público, na Vila Nova, com o nome de um grande médico desta Cidade, o Dr.
Arthur Mickelberg que, sabidamente, o Ver. Pedro Américo e o Ver. João Dib o
conheceram muito em vida, o Ver. Cláudio Sebenelo também, e sabem o quanto ele
representou na evolução da ciência médica no Estado e quanto ele teve de
contribuição objetiva para o movimento e para a sociedade porto-alegrense. Eu
disse que dois Projetos se acumulavam entre si porque quis coincidir, Ver.
Cláudio Sebenelo, que o segundo dia de Pauta deste Projeto coincidisse com o
primeiro dia de Pauta do Projeto de sua autoria, que reafirma o que caiu no
esquecimento, ou seja, a obrigação do Município de denominar os logradouros
públicos. Eu nem posso imaginar que estando propondo a denominação de uma rua projetada,
no Bairro Vila Nova, mais objetivamente na Monte Cristo, com o nome do Dr.
Arthur Mickelberg, o seu nome não fosse para a esquina, não fosse para a placa
indicativa, como não foi o nome do Ver. Martim Aranha, nome de rua há longo
tempo e que nós, anos após anos, cobramos a colocação da placa indicativa. O
Ver. João Dib trouxe a colação elementos comprobatórios de que essa obrigação
já era antiga. V. Exa. procura, agora, com seu Projeto de Lei, de uma forma
muito clara, muito objetiva, muito transparente, muito tranqüila, estabelecer,
ou restabelecer, reavivar o que caiu no esquecimento, essa obrigação do
Município.
Diz
o Ver. José Valdir, brilhante, como sempre, que tem que se levar em conta, nas
denominações das ruas, as manifestações da comunidade na busca de uma
conciliação entre o que a comunidade quer e o que o legislador apresenta. É
mais ou menos isso que V. Exa. afirmou. Veja, V. Exa., que estou sendo
absolutamente historiador, na análise do seu pronunciamento, estou retratando
ele numa síntese. Na verdade, essa vontade popular que tem de ver as ruas
denominadas nasce de uma necessidade primeira. E essa necessidade primeira é o
desejo que tem essa população de acabar com as ruas A, as ruas B, as ruas C, as
ruas D, que são um martírio dos Correios e Telégrafos e que é a falta de
identificação urbanística do cidadão porto-alegrense. Eu diria, sem exagero,
que a denominação de uma via pública é até uma manifestação de cidadania
coletiva dos moradores daquela rua. Então, Vereador é tão grande esta necessidade
que muitas vezes até o direito de influenciar na denominação é reduzido perante
a necessidade da identificação da rua onde se mora. Então, o Projeto do Ver.
Cláudio Sebenelo é excelente, porque de nada valeria o nosso esforço aqui, no
sentido de procurar identificar as ruas da Cidade, as poucas ruas que ainda são
remanescentes, a maioria das quais colocadas na periferia de Porto Alegre, a
maioria das quais ainda não regularizadas, a maioria das quais ainda
projetadas, se todo esse esforço Legislativo não fosse acompanhado de um
compromisso mínimo do Executivo, que é colocar uma plaquinha na esquina da rua,
dizendo que ali é a rua fulano de tal, ou seja, é a rua identificada como
Arthur Mickelberg, com Milton Pozzolo de Oliveira, com Martin Aranha e com
outros tantos nomes ilustres desta Cidade que a sensibilidade do nosso homem
público, com mandato popular, com representatividade suficiente, o transformou
em lei. Por isso, Vereador, para concluir essa nossa intervenção, eu diria que
o casamento e a interligação desses dois Projetos, Vereador Cláudio Sebenelo,
poderão permitir a Porto Alegre fazer ao Dr. Mickelberg uma homenagem adequada,
merecida ao cidadão que contribuiu na ciência médica, contribuiu na cidadania,
contribuiu dentro da sociedade para fazer esta cidade de Porto Alegre melhor e
mais sorridente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Faço o
registro de uma iniciativa, do meu ponto de vista interessante para a Casa
debater e aprovar, que é o Projeto de Resolução que assegura aos Vereadores
Suplentes a possibilidade de participar dos debates da Pauta, acrescentando um
novo parágrafo ao artigo do Regimento. Isso é importante, porque muitas vezes
contamos com a participação de companheiros que são Suplentes, que têm Projetos
na Pauta e as suas participações nos debates acabam sendo inviabilizadas. Esta
iniciativa, então, oportunizará que os Vereadores Suplentes possam-se inscrever
na Pauta e debater o seu Projeto. No meu ponto de vista, este Projeto deve ser
aprovado pela Casa.
Registro
também, independentemente de entrarmos no mérito de como é que devemos tratar a
questão de doenças que estão virando epidemias, que estão-se alastrando na
sociedade, a importância de fazermos o debate, nesta Casa, do Projeto de Lei
que institui a Semana de Prevenção à Hepatite. A hepatite é uma doença que, nos
últimos dez anos, vem-se alastrando de forma significativa, trazendo bastante
preocupação às autoridades na área da saúde. É importante que a Cidade possa
ter um momento, uma semana ou um dia para fazer o debate sobre a hepatite, para
fazer o debate sobre a forma como a sociedade tem que se prevenir desse mal que
está aí a nos preocupar.
Aproveito
para dizer que nós temos um conjunto de Projetos na Pauta de denominação de
ruas. Trago à Casa a necessidade de fazermos um debate em relação ao processo que tem que se instituir para
colocar nomes em ruas. Por exemplo, em muitas situações, o logradouro que
encaminhamos para denominar ainda não foi regularizado, criando toda uma
dificuldade em relação a croquis e tudo. A Câmara tem que criar uma certa
facilidade no sentido de constituir formas para colocarmos os nomes de ruas. Há
situações que, no mesmo bairro, na mesma localidade, a Câmara deu sinal sim
para um Projeto de denominação de rua e negou a tramitação de um outro Projeto
naquela mesma localidade, usando o argumento da falta de instrumentalização, da
falta de croqui. Eu acho que a gente tem que fazer um debate nesta Casa,
possibilitando que a comunidade tenha a denominação de sua rua enquanto ela não
tem a regularização do conjunto do loteamento.
Para
finalizar, gostaria de registrar que, independente das nossas diferenças de
pensar a administração da Cidade, acho que um debate que tem que ser permanente
nesta Casa é a possibilidade de enxergarmos o dia-a-dia da Cidade, de
enxergarmos a vida do cidadão, e de podermos, através da legislação existente,
fazer mudanças acompanhando as mudanças que a sociedade vem construindo.
Portanto, a função do Vereador é também legislar. Entendo que existe um eterno
choro de que os Vereadores têm muitas proposições, que a Pauta está sempre
cheia, mas, acho que este é o espaço para isso. Temos que trazer para esta Casa
um conjunto de preocupações do cidadão desta Cidade, em intervenções, ou em
denúncias, ou em proposições de lei. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Vou aproveitar o assunto abordado pelo
orador para informar ao Vereador Fernando Záchia, que me acenou, que a Comissão
de Constituição e Justiça, na semana passada, efetuou debate, sob o comando do
Presidente, Vereador Elói Guimarães, sobre a questão da denominação de
logradouros, com a presença do Secretário do Planejamento do Município. Na
discussão, da qual participaram os Vereadores membros da Comissão, inclusive os
Vereadores Cláudio Sebenelo e Fernando Záchia, nós verificamos a complexidade
da matéria e discutiu-se a questão da soberania da designação, mas também a
importância, para o processo, da existência dos croquis. Essa reunião foi feita
na Comissão de Constituição e Justiça e, a partir dela, foi formada uma
comissão de ambos os Poderes, com membros da Diretoria Legislativa e representantes
da Secretaria do Planejamento, para que o assunto seja melhor elaborado e
trazido à Mesa e à CCJ.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, eu acho interessante essa
preocupação da Mesa e da Comissão de Constituição e Justiça. Coloco como exemplo
uma situação que eu venho acompanhando na Vila CEFER, uma vila conhecida por
todos, logradouros por onde passam serviços dos mais diversos. Até hoje não
consegui denominar aquela rua, e o argumento principal é de que aquilo lá é um
conjunto residencial, portanto, não pode. Estas questões têm que ser resolvidas
para que possamos encaminhar essas situações.
O SR. PRESIDENTE: Este foi o objetivo da reunião.
Próxima
Vereadora inscrita no período de Pauta é a Vera. Maristela Maffei, que, no
momento, não se encontra presente no Plenário. Já esteve aqui no Plenário e já
respondeu à chamada. O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para discutir a
Pauta.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, o que me traz a esta tribuna, neste período de Pauta, é um Projeto
de autoria deste Vereador. Um Projeto que já foi apresentado em legislaturas
passadas, mas que agora volta não desarquivado, mas volta, este Projeto, com um
nova roupagem. Um Projeto que prevê a disciplina do uso de bicicletas nos
parques e praças de Porto Alegre. Nós já discutimos muito, já debatemos muito a
situação dos cães nos parques de Porto Alegre, então, eu resolvi modificar um
pouco este meu Projeto e reapresentá-lo. As pessoas que freqüentam os parques e
praças de Porto Alegre também estão tendo que dividir o seu espaço, que já é
pouco, com as bicicletas. E os condutores destas bicicletas não respeitam o
espaço da população, não respeitam as crianças, não respeitam os pais, as mães,
as babás que ali estão, que vão lá para levar a criança para tomar sol, para
brincar na pracinha. Eles andam, em alta velocidade, de bicicleta nos parques e
praças, eles se misturam em alta velocidade com suas bicicletas entre as
pessoas, não respeitam, fazem piruetas, como diz o Ver. Pedro Américo Leal.
Então essa é uma preocupação a mais. Os parques e praças de Porto Alegre não
estão dando a segurança que as pessoas precisam, não bastassem aquelas pessoas
que levam seus cães ferozes que assustam os freqüentadores dos parques e
praças, e sobre este assunto já temos dois Projetos tramitando nesta Casa, um
do Ver. Hélio Corbellini e outro do Presidente desta Casa, Ver. Nereu D’Ávila.
Trago este projeto, esta iniciativa, para ver se esta Casa nos ajuda e, depois,
juntamente com os órgãos competentes, tentamos evitar uma tragédia, Senhores e
Senhoras Vereadores, nos parques e praças de Porto Alegre. É preciso
disciplinar o uso das bicicletas nestes locais. Não estou propondo que a
Prefeitura, que as Secretarias criem ciclovias, não é isto, até porque o Ver.
Jocelin Azambuja não iria gostar muito. O que gostaria, e a comunidade
porto-alegrense, a sociedade de Porto Alegre, as pessoas que freqüentam os
parques e praças querem é que seja disciplinado o uso, demarcado um local, para
que as pessoas possam, com tranqüilidade, curtir o seu lazer.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exa., no último período da sua oração, praticamente dispensa o
meu aparte. É o disciplinamento que se pede, porque essa orgia não pode
continuar. São marmanjos, verdadeiros rapagões que se deslocam em bicicletas,
ameaçando a todas as crianças, as babás, as senhoras que ali estão. Isto
precisa ser disciplinado. Quando é que vamos fazer isto? Nas calçadas eles
andam fazendo piruetas, driblando, como verdadeiros dianteiros de Grêmio e
Internacional.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ: São malabaristas.
O Sr. Pedro Américo Leal: Malabaristas, e nós temos que disciplinar
isto. É oportuníssima a intervenção de V. Exa.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Muito obrigado, Ver. Pedro Américo Leal.
Ontem,
mais uma vez, viu-se isto no Brique da Redenção. Domingo pela manhã, existe uma
multidão, onde as pessoas estão ali com suas bancas, trabalhando, vendendo,
pessoas comprando, caminhando, tomando sol, tomando chimarrão, e os
malabaristas de bicicleta estão lá fazendo ziguezague, podendo bater em alguma
criança ou em uma pessoa distraída.
Por
isso, trago essa proposta a esta Casa e espero ter o apoio das Senhoras e
Senhores Vereadores para este Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Neste momento, Sras. e Srs. Vereadores, o
Presidente da Casa encontra-se em viagem de representação e este 1º
Vice-Presidente necessita fazer alguns despachos ordinários para o andamento
normal deste Parlamento. Nesse sentido e com esse objetivo, eu passo a direção
dos trabalhos ao 2º Vice-Presidente para que passe a dirigir a presente Sessão.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, gostaria de fazer um
Requerimento para a alteração na ordem de votação no dia de hoje no sentido de
o Projeto de Resolução nº 050/98 ser votado em primeiro lugar e o Projeto de
Resolução nº 032/97 em segundo lugar, para depois seguir a ordem normal.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra
para uma Comunicação de Líder, pelo PPB.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu
hesitava em comentar essa possível Portaria a ser baixada pelo Secretário de
Segurança, meu velho amigo e colega José Paulo Bisol. Mas, na verdade, tenho
que fazê-lo porque é uma série de incongruências que estão ordenadas em
parágrafos e quesitos, e a sociedade tem que ser alertada. Isso não pode
vigorar, de maneira alguma! Mal estamos nos recobrando de uma notícia federal,
vinda do Ministério da Justiça, que pretende, por um Projeto do Executivo,
coibir a venda de armas de todos os calibres, e nós nos deparamos com essa
Portaria, que é um absurdo; quer dizer, um absurdo sobre outro absurdo:
ameaçando a segurança pública da sociedade. Aliás, ninguém se preocupa com a
sociedade. Segurança da sociedade é praticamente alguma coisa utópica, na
palavra tão buscada e rebuscada do PT: utopia. O que é a utopia? É alguma coisa
que o indivíduo crê que um dia se realize, mas que distante está como a nuvem no
céu.
Então,
quando nós estamos, repito, nos recobrando dessa notícia que pretende o Sr.
Presidente da República, talvez tirando o sofá da sala, para eximir e
impossibilitar o adultério, S. Exa. aconselha e determina que no Brasil não se
fabriquem mais armas de fogo. É uma piada: “quá-quá-quá!”. O PT tem muito mau
humor, nunca ri. O que eu posso fazer? É um PT raivoso; aliás, pelas últimas
notícias que nós temos hoje, é um PT raivoso, é um PT que só cultiva o ódio,
que administra com má vontade. Não fui eu que disse, absolutamente não fui eu
que coloquei a figura.
Pois
bem, isto está para ser aprovado pela Câmara e pelo Senado.
A
nossa Câmara e Senado aprovam até a lista telefônica; se a enviarem para
Brasília eles a aprovam, sendo via Executivo.
E
essa Portaria do Paulo Bisol? - hão de perguntar.
Vejam
só, que gracinha! Sempre se dirigindo ao policial, recomendando ao policial.
Vou ler só um período: “Sempre que possível, o uso da arma de fogo deverá ser
precedido de aviso claro sobre o uso deste recurso, com tempo suficiente para
que tal aviso seja considerado pelo agressor ou infrator”.
Imaginem
isso, vou reconstituir o quadro aqui.
O
policial chega para o possível bandido e diz: “Olha, eu estou armado, sou
policial e posso usar a arma, hein?” O bandido, mais do que depressa, tira a
sua arma do bolso e fuzila o policial.
Os
bandidos, hoje em dia, não hesitam, matam por raiva, por droga, por
desorientação, frustração. Eles são maus, são bandidos com cara de mocinhos,
são os verdadeiros galãs da sociedade que se infiltram por apartamentos,
edifícios, casas, e que logram êxito quase que pela estupefação da própria
vítima, porque não pretendia ver nele um bandido.
Pois
bem, esse bandido, agora, é avisado pela Portaria do Sr. José Paulo Bisol:
“Olha, eu sou polícia, tenho uma arma e posso usá-la”.
Vossas
Excelências podem adivinhar o que será, sem armas para vender, para a sociedade
se defender. E com essas portarias de araque? De araque! Por trás de tudo isso
está o substituto do Secretário de Segurança, que é um “Richelieu”. É o
“Richelieu” de tudo, é um homem do PT, que insufla a todos contra José Paulo
Bisol. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Vereador Paulo Brum, no exercício da
Presidência desta Casa; Vereador Eliseu Sabino, Secretário; Srs. Vereadores;
Sras Vereadoras, estou estarrecido diante da incompetência desta Administração
Popular, que faz com que a população de Porto alegre, cada vez mais, se veja
afastada das possibilidades de emprego. A política de aumento do ISSQN faz com
que várias empresas ou saiam daqui ou fiquem amedrontadas e não venham para
Porto Alegre. Dou o exemplo de algumas empresas de “leasing”, que abandonaram o
nosso Estado por causa da política do ISSQN, e de outras empresas que, deixando
o nosso, foram para outros Estados por causa da política adotada aqui em Porto
Alegre. Não bastasse isso, há ainda toda a incompetência para administrar o
Pólo Industrial da Restinga.
Eu
fui visitar uma cidade do interior de São Paulo, Ver. Hélio Corbellini. Era a
época das eleições, e o PT naquela Cidade fazia a sua campanha dizendo que se
votassem no PT iriam instituir o pólo industrial.
Ora,
essa pregação ouvi aqui em Porto Alegre há muitos anos. Não vejo um só Vereador
do PT vir a esta tribuna dizer o que está acontecendo com o pólo industrial da
Restinga. Nada, absolutamente nada. Foi um engodo, simplesmente as empresas
foram espantadas, simplesmente as empresas são impedidas de ali poderem se
estabelecer, e ali termos um pólo industrial. E aquela população da Restinga,
que é muito grande, praticamente outra cidade dentro de Porto Alegre, fica
alijada dessa possibilidade de ter empregos criados.
Se
não bastasse isso, agora, o Executivo do Estado acaba vetando - acredito que
esta política do PT seja em nível nacional - acaba vetando uma Emenda do
Deputado Sérgio Zambiazi no projeto PASEP, que criava frentes de trabalho e que
destinava cerca de 40 milhões de reais para a criação de frentes de trabalho.
Simplesmente houve um veto do Senhor Governador do Estado, Ver. Pedro Américo
Leal, porque esta sugestão pretende dispor sobre matéria afeta à esfera de
atuação do Poder Executivo.
Mas,
se o Poder Executivo não faz nada, manda a Ford embora, manda a Goodyear
embora, o Poder Executivo liquida com a possibilidade de emprego, aqui, no Rio
Grande do Sul, acaba com a possibilidade de empregos em Porto Alegre. E quando
alguém tenta fazer alguma coisa, como nesta Emenda do Deputado Sérgio Zambiazi,
simplesmente se veta. E a alegação do Veto é porque está entrando na esfera do
Poder Executivo. E aí vemos a situação que ficamos na Cidade, sem poder criar
frentes de trabalho, o que abriria possibilidade para muita gente, muitas
pessoas que não conseguem emprego, normalmente, nas empresas que vão embora do
Estado, ou que estão falidas, por causa dessa política adotada em nosso Estado,
ou aqui na Cidade. Estas pessoas poderiam encontrar alguma possibilidade de
trabalharem nessas frentes de trabalho, mas nem isso podem, porque o Sr.
Governador veta essa possibilidade.
Eu
acredito que o que o PT quer é criar um estado de calamidade pública tamanha
que ele possa aí fazer com que essa pregação, que ele faz desde o início,
quando ele se estabeleceu como partido político - dizendo que o capitalismo não
dá resultado e que o negócio é o comunismo - seja a doutrina vitoriosa na
Cidade. Assim vêm essas ditaduras que estão aí, fazendo com que o nosso Paço
Municipal esteja infelicitando a população de Porto Alegre por tanto tempo.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
selecionei dois textos do Jornal ABC de domingo. Um deles, com o título
“Contrato”, diz: “A oposição na Assembléia Legislativa perdeu a maior
oportunidade para desgastar o Governo. Por pressa ou por inabilidade de alguns
Deputados, o Secretário de Comunicação Social do Palácio Piratini, Guaracy
Cunha, deu sua versão para a contratação da empresa de audiovisual, que
dirigira até dezembro de 1998, pelo Executivo. E sustentou não só a legalidade,
como a moralidade da contratação. A oposição não questionou, por exemplo, como
a empresa, de formato cooperativado, constituiu seu patrimônio, avaliado em
quatrocentos mil dólares, da noite para o dia, nem por que a mesma é prestadora
de serviços para a Prefeitura Municipal da Capital e do próprio Partido dos
Trabalhadores, para quem atua de forma quase exclusiva.
Esta
semana deverá ser chamado a depor o atual Presidente da Camp Vídeo e sucessor
de Guaracy, Nilson Pilatti.
Esperamos
que se inclua, apesar de legal, de cirúrgica exatidão, sagrar-se vencedor da
tomada de preços da Câmara Municipal de Porto Alegre, na gestão do PT, no
primeiro ano da Legislatura, porém imoral pelas ligações da empresa com o
Partido. A primeira pessoa física e jurídica a se declarar impossibilitada
eticamente de participar da licitação seria, por um dever de transparência, a
empresa e seu Diretor-Presidente, ou proprietário, fundador do PT, carteirinha
matrícula 131, conforme dito e apregoado pelo mesmo, somente após o estouro das
licitações denunciadas pela oposição.
Assim
como o Vice-Governador deixou de ser o porta-voz, de uns tempos para cá, do
atual Governo, o seu Secretário de Comunicação Social deveria abdicar da
função, pelas rumorosas conseqüências de suas equívocas participações, pelo
menos no terreno da ética, compatível, aliás, com sua famosa cartilha,
tristemente “democrática e popular”, que tentou enfiar goela abaixo da
administração pública estadual. Parece que não tem se dado bem.”
A
segunda notícia está relacionada a uma foto do Governador, vestindo a camiseta
da FEPAM, conscientizando o funcionalismo estadual da necessidade de separação
do lixo, sua coleta seletiva, e retirando meia dúzia de detritos do Rio
Gravataí, simbolicamente. É uma excelente sugestão para o nosso Prefeito em
relação aos arroios de Porto Alegre, que
estão necessitando de uma data alusiva ao evento, pelo menos para que uma
autoridade, de preferência ligada ao meio ambiente, declare que estamos muito preocupados com nossas águas, nosso
lixo, nosso buraco de ozônio. Mas não esqueçam, também, do Arroio Dilúvio, do
Arroio Areia, da Praia do Lami, do Guaíba Vive, do Projeto Rio Guaíba, do
Aterro Sanitário da Extrema, mais conhecido como “Lixão da Extrema”, para, como
na Sagrada Escritura e no Partido dos Trabalhadores, poderem tranqüilamente
dizer: “Façam o que nós dizemos, mas não o que nós fazemos.”
O
terceiro texto refere-se a um anúncio da Universal Leaf Tobaco’s, a maior
empresa de fumo, com a fotografia do justíssimo veríssimo bigode do Sr. Olívio
Dutra junto ao Presidente da Companhia de Cigarros, dizendo que vai investir
cem milhões no Rio Grande do Sul, com dez mil e quatrocentos empregos. Quando
se quer exatamente o contrário, que a indústria do fumo deixe de ser esse
genocídio coletivo, nós temos um Governador prestigiando um investimento que só
nos trará doenças, dependência química e desgraças, porque o que se investe e o
que se fatura em impostos é mais ou menos a metade daquilo que se investe em
hospitalização, em doenças e em capacitação para as pessoas que fumam. Essa
mensagem ambígua, dúbia, é dada pela presença do Governador, numa foto
colorida, prometendo felicidade, sucesso, empregos e investimentos para o
fabrico, para a divulgação infernal e maléfica do consumo do cigarro. Este é um
Governo que promete! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Hélio Corbellini está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estava
lendo os discursos, da sexta-feira, dos nossos colegas Vereadores João Bosco
Vaz e Leão de Medeiros, e ouvi o discurso do Ver. Pedro Américo Leal. Estou
também extremamente preocupado com essa questão da segurança. Mais do
preocupado com a questão da segurança, estou começando a me preocupar com o
rumo que está tomando essa discussão. O que está sendo colocado, de uma forma,
ao nosso ver, extremamente maniqueísta? Se o policial deve estar armado ou não,
e se a população deve-se armar ou não, como se somente nesse plano estaríamos
garantindo a segurança pública. Nós do PSB, que, antes de mais nada, somos
absolutamente solidários ao nosso Secretário João Paulo Bisol, da Administração
Popular do Estado, temos uma visão muito clara quanto à questão da segurança;
tão clara, que já foi colocada em vários artigos, inclusive por este Vereador,
nos jornais, e uma posição muito clara em relação às corporações.
Eu
não vi em nenhum discurso, de todos os três que li e escutei, uma crítica
sequer ao corporativismo dessas duas instituições, que se chamam Polícia Civil
e Brigada Militar. Pode ser extemporânea, isto é, pode ainda não ser o tempo
certo para que as resoluções das organizações mundiais, que tratam da
segurança, sejam aplicadas aqui no nosso Município. Foi intenção da Secretária
utilizá-las aqui, tendo em vista que elas existem e trouxeram benefícios a
todas as sociedades em que foram aplicadas, porque os índices de criminalidade
baixaram. Talvez peque a Secretaria de Segurança pela ansiedade de reformular o
caráter da segurança, pela ansiedade de já querer aplicar, o que não está
maduro, no seio das instituições. Esse assunto deve ser debatido e as pessoas
devem tomar consciência de como é que se relaciona a questão arma/delinqüente.
Parece-me, às vezes, ouvindo, que a questão do bandido é matar. O Ver. Pedro
Américo Leal é o único que assume isso, e essa será a nossa relação. É
inegável, não há quem possa negar que quem mais mata em São Paulo e no Rio de
Janeiro - e, graças a Deus não chegou aqui ainda - são as polícias. Não é que
haja mais bandidos, Coronel, são assassinatos, chegando a ser assassinatos em
massa, como o da Candelária, como o do Carandirú. Queremos liquidar, botar no
paredão os bandidos, ou queremos recuperar a sociedade? Lamento que não esteja
presente o Ver. Leão de Medeiros, que é defensor da sua corporação, pois ele
diz que “segurança é questão de técnicos”. Está enganado, aquele Vereador,
segurança, em primeiro lugar, e o Cel. Pedro Américo sabe disso, é uma questão
de Estado, é uma questão de todo o cidadão, é uma questão de todos aqueles que
querem paz na sociedade, querem solidariedade e fraternidade na sociedade.
Antes
de reduzir a crítica, a chacotas, vamos sim, ao encontro da sociedade com
propostas tais como: em primeiro lugar, municipalizar a segurança; segundo
lugar, talvez essa seja a prioritária, criar uma instituição policial nova,
acabando com as duas corporações: Polícia Civil e Brigada Militar, para que,
daí, surja uma só instituição neste Estado que possa ter uma orientação, e não
se fique nos gabinetes discutindo quem é o melhor na segurança, porque senão
vamos continuar nesse estado de catástrofe que nos encontramos hoje. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá está com a palavra
para Comunicação de Líder.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero
fazer uma reflexão sobre três pontos citados nesta tribuna pelos Vereadores que
me antecederam. O primeiro deles, evidente, é a questão da segurança pública,
que o Ver. Hélio Corbellini abordou com bastante contundência e de uma forma,
do nosso ponto de vista, correta, com exceção das propostas feitas no final,
pois penso que elas devam ser mais debatidas. Penso que o Vereador conseguiu
recuperar o devido caráter da discussão, que é o fato de que nós não temos,
Ver. Pedro Américo Leal, um conceito de segurança pública para um estado democrático
de direito. Isso faz com que, saídos da ditadura militar, a ação da segurança
ainda seja uma ação contra o cidadão, na maioria das vezes. Assim como a ação
dos governos tem sido - refiro-me aqui, evidentemente, ao Governo Federal - uma
ação contra o cidadão, na medida em que as políticas necessárias ao
desenvolvimento da cidadania não se dão. Então, há, por um lado, uma falta de
consistência na visão do que pode ser a segurança num estado democrático. Isso,
porque o problema não é teórico, o problema é prático. Nós temos que praticar
uma segurança pública em outro nível, com outro objetivo. Aí há que ter governo
democrático em nível estadual que coloque isso em prática, como o nosso Governo
daqui que, de uma forma corajosa está colocando, como o Governo de Cristovam
Buarque, de uma foram exemplar praticou em Brasília, nos seus quatro anos de
governo trazendo para nós uma realização concreta a qual nós podemos analisar.
Eu
considero que nós temos um sistema de segurança composto pelas corporações, pelo
Ministério Público e pela Justiça que são ineficazes. Acaba acontecendo que -
num contexto de banalização da violência em todo o tecido social, no cotidiano
- é inoperante a ação das forças de segurança pública no combate à violência
toda da sociedade. Desse modo, precisamos pensar de uma forma muito superior à
realidade que está colocada agora.
Eu
entendo que a Portaria que a Secretaria de Segurança colocou vem com o sentido
de trazer para o Brasil, trazer para a aplicação de uma experiência concreta de
segurança pública, questões que já são práticas em experiências em países de
primeiro mundo, países europeus como a Holanda, onde a prática, a questão
técnica - onde não há fome -, onde se tem política de segurança pública mais
condizente com os direitos de cidadania. Então, a pari passu com o combate à fome e com as políticas sociais, nós
temos que ter uma segurança cidadã, se o sentido dessa Portaria for esse.
É
evidente que o Secretário Bisol está preocupado com o conjunto de reformulações
dentro da segurança. Essa é a Portaria, não é uma questão pontual, é um
conjunto de reformulações e quero registrar aqui, que muitas delas fazem parte
de um debate do setor da Segurança Pública que independente do Partido dos
Trabalhadores, que está no Governo do Estado agora, e das frentes populares,
progressistas e trabalhistas, é uma discussão que um setor da segurança pública
já vem desenvolvendo, na medida em que tem trazido policiais do primeiro mundo
para cá, onde, tecnicamente, estão trazendo capacitação para o uso diferenciado
do armamento e para uma prática diferenciada de policiais no combate ao crime.
Outro
assunto que quero tratar é o Projeto Mãos Dadas, que neste momento está sendo
debatido no auditório da Assembléia Legislativa por proposição do Dep. Cézar
Busatto. Quero reforçar aqui a posição do Conselho Estadual de Saúde, do
Conselho Estadual de Educação, do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente
e do Conselho Estadual de Assistência Social, que são contrários a esse Projeto
Mãos Dadas, que é um projeto que virou lei no Governo Britto, em julho do ano
passado, e prevê a premiação de entidades da área social - assistência social,
educação e saúde - através do processo de recolhimento de notas fiscais naquela
coisa fantasmagórica do “Paguei Quero Nota”. Entendemos que isso é ilegal,
contraria o ECA, contraria a lei que cria um sistema único e descentralizado de
saúde e contraria a Lei Orgânica de Assistência Social, que são leis federais.
Ao mesmo tempo é um procedimento autoritário, típico do governo anterior,
porque estabelece com a sociedade organizada e com a sociedade que presta
serviços, uma relação autoritária de premiação, não incorporando a lei, que são
os Conselhos que gerenciam esse processo.
Por
fim gostaria de fazer comentários em relação ao que foi colocado nesta tribuna.
Apenas cito que a Confederação Nacional dos Municípios, o Sr. Paulo Ziulkoski fez uma intervenção muito
interessante no Jornal do Comércio, onde ele destaca a importância do Orçamento
Participativo. Seria bom que os Vereadores lessem a matéria como uma
contribuição de uma pessoa que não é do Partido dos Trabalhadores, não é dos
nossos governos, mas está compreendendo a importância da gestão democrática do
Governo. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para fazer uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu estava em representação da Casa quando a “Zero
Hora” publicou, em sua página cinqüenta, trechos da portaria que disciplina o
uso de armas por policiais civis e militares, que tem gerado essa polêmica.
Ouvi
agora não só o Ver. Pedro Américo Leal, como o Ver. Hélio Corbellini, a
Vereadora Helena Bonumá, e por mais apreço que eu tenha tido às manifestações
de ambos, eu não consegui, Ver. Hélio Corbellini ficar, absolutamente
tranqüilizado diante de alguns trechos dessa Portaria. Realmente, meu caro
Vereador Eliseu Sabino, V. Exa. que é um Pastor de Cristo aqui na Terra,
provavelmente tenha mais luzes do que eu para entender, o que recomenda por
exemplo, o parágrafo 4º do Artigo 2º dessa Portaria. Quando provavelmente, Ver.
Pedro Américo Leal, os cristãos tenham possibilidade de entender isso, que
provavelmente seja a reedição daquele célebre: dai a outra face a quem lhe
agredir face direita; dai-lhe a esquerda. Propõe expressamente a Portaria que,
sempre que possível, o uso da arma de fogo, deverá ser precedido de aviso claro
sobre o uso desse recurso, com tempo suficiente para que tal aviso seja
considerado pelo agressor ou infrator. É mais ou menos, assim, se tu não me
deres um tiro na cara eu vou sacar da arma. Ou, Vereador Pedro Américo, eu que
já sou um pouco mais idoso, Vereador Lauro Hagemann, aquela história da briga
de guri, quando a gente cuspia no chão e dizia: Pisa aí se tu fores homem. Se
pisares eu vou tomar uma atitude. Quer dizer, eu nunca fui policial, não tenho
qualificações para isso, agora eu não posso entender o que se quer desses
homens e dessas mulheres que hoje são encarregados da segurança pública desse
Estado e nesse País. Eu já não entendo o meu Presidente, o Presidente em que eu
votei por duas vezes, o Presidente Fernando Henrique Cardoso quando ele resolve
fazer a apologia da solução dos males da violência querendo desarmar a
sociedade civil legalizada, estabelecendo um cartório, com o direito de ter
arma só os facínoras, os delinqüentes, aqueles que não resistem às armas, esses
podem ter armas, o cidadão responsável que, contrariamente a mim, tem uma arma
em sua casa, para a sua defesa - eu não tenho arma porque não sei manejar -
esse vai ficar impedido de tê-las. Eu não entendo o Presidente Fernando
Henrique. Com muito mais razão eu não entendo essa Portaria do Secretário de
Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul, destacado jurista deste
Estado, ex-Senador da República, Deputado Estadual brilhante, homem de
comunicação, integrante do Magistério Superior, Professor de vários delegados
que hoje estão prestando ou tentando prestar o seu serviço à sociedade gaúcha,
e que, daqui por diante, terão que tomar todas essas providências antes de dar
voz de prisão, antes de consumar a repreensão a qualquer ato delituoso que se
proceda na Cidade.
Ora,
parece-me que estamos chegando a uma situação que não é só mais o Ver. Pedro
Américo Leal que irá se exasperar, acho que todas aquelas pessoas que têm um
mínimo de bom senso, um mínimo de tranqüilidade no exame das coisas, hão de
chegar à conclusão que estamos chegando ao disparate. Têm preocupações que se
colocam num ato público e que se fossem colocadas num livro de poesia,
certamente pelo seu lirismo, pelo seu romantismo, haveriam de credenciar o
autor até a um Prêmio Nobel de Literatura, mas subscrita por um Secretário de
Segurança com o objetivo de orientar os seus colaboradores é uma ordem, um
engessamento, uma determinação a que todos eles caiam na inação e, preocupados
em ler a nova bíblia que se lhes ofereça, diante de um novo evangelho do
Governo dos Trabalhadores, do Governo que a tudo quer mudar, quer entregar o
policial deste Estado, lamentavelmente, à sanha dos criminosos. Silenciar
diante disso é uma omissão gravíssima com a qual eu não quero me comprometer.
Estou
solidário com o Ver. Pedro Américo Leal. Precisamos, Senhor Presidente, mais do
que dar um basta àqueles que estão, hoje, aqui exigindo o Regimento, falando
além do tempo, dar um basta àqueles que estão violentando a própria ordem das
coisas, na segurança pública do Estado do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
em Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
alguns assuntos são lançados em nível federal, estadual e até municipal como
verdadeiros balões-de-ensaio, um deles, coincidentemente e curiosamente, neste
momento, em torno da área da segurança e de armas. Essas posições passam a se
constituir verdadeiramente em proselitismos.
Todos
nós aspiramos a uma sociedade sem violência, tudo isso são ideais de uma
sociedade que certamente só conseguiríamos talvez, e com alguns padrões, numa
utopia, sem violência, sem ódio e tantos outros “sem”. Não é através de
decreto, de uma portaria ou lei que vamos resolver problemas da maior
complexidade que envolvem a realidade nacional. Por exemplo, o Projeto que o
Presidente da República Fernando Henrique Cardoso encaminhou ao Congresso no
sentido do desarmamento, da proibição da comercialização de armas é
indescritível, porque só algum teórico de gabinete, que não conhece o complexo
da realidade brasileira, seja do Rio Grande, do Acre, do Amapá, do Pará, do Rio
de Janeiro poderia compreender um Projeto absurdo desses.
O
Presidente da República é um homem que tem raízes no interior, ele é fazendeiro
no interior de Minas, ele pode compreender aquelas famílias que vivem naquelas
regiões; um trabalhador rural sem uma arma para defender a sua família, seus
filhos, sua esposa? Como fica no interior e na cidade? Muitas vezes, invoca-se
que a arma do homem de bem torna-se um instrumento que será tomada pelo
bandido, e, com a arma desta pessoa, deste cidadão, o meliante mata. É de uma
ingenuidade... Estes casos, infelizmente, existem e são uma excepcionalidade.
Não
consigo compreender um Projeto desta natureza, a não ser como um balão de
ensaio, a não ser como manobra. Quais as conseqüências que poderão advir de um
Projeto desta natureza, Ver. Pedro Américo Leal? O aumento, o recrudescimento
da comercialização ilegal de armas, porque o bandido sempre terá acesso a
armas. Hoje, as estruturas estão tão fortes nesta área da criminalidade, que
são capazes de tomarem armas federais dentro de um próprio federal, de um
próprio militar, tal a organização destas estruturas que, infelizmente, existem
no País. Agora, o Presidente quer proibir a comercialização legal de armas.
Este assunto está sendo debatido aqui, até pelo absurdo do projeto encaminhado
ao Congresso Nacional. Seria válido, se o Presidente exigisse maior rigor
quanto à comercialização, quanto ao porte. Aquela pessoa que dispõe de um
registro de arma deveria, semestralmente, ou anualmente, prestar conta da sua
arma, onde se encontra e todos os detalhes deveriam ser fiscalizados,
controlados, mas, o Projeto de Lei que o Presidente manda ao Congresso Nacional
é tão ingênuo quanto esta famosa portaria do desarmamento prevista pelo Secretário
de Segurança, Paulo Bisol, que diz que “sempre que possível o uso da arma de
fogo deverá ser precedido de aviso claro sobre o uso deste recurso, com tempo
suficiente para que tal aviso seja considerado pelo agressor, ou infrator”.
“Mãos ao alto! Eu comunico que vou usar arma!” Isso não existe, sinceramente.
Isso é um ensaio de uma portaria que até agora não apareceu, não saiu. Agora, o
Projeto do Presidente Fernando Henrique Cardoso já está no Congresso Nacional,
e ele só não teve a coragem, certamente porque constitucionalmente não é
permitido, ou talvez porque esta matéria possa ser formulada através de uma
medida provisória, que é o famoso decreto-lei legal. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Vereador Renato Guimarães formulou
Requerimento no sentido de que na Ordem do Dia apreciássemos preliminarmente as
proposições de folhas 7, Projeto de Resolução nº 050/98, e 6, Projeto de
Resolução nº 032/97, seguindo posteriormente a ordem normal dos trabalhos.
Solicito aos líderes e demais Vereadores que verifiquem se há concordância com
o Requerimento do Vereador Renato Guimarães para que esta Presidência possa
colocá-lo em votação.
O SR. ELISEU SABINO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de aproveitar
a oportunidade para convidar a todos os Vereadores e a todos que nos assistem
para participarem, dia 10, quinta-feira, às 19 horas, da Sessão Solene que esta
Casa realizará em homenagem ao Dia do Pastor. V. Exa. também está convidado.
O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado, Vereador Eliseu Sabino.
Em
votação o Requerimento do Vereador Renato Guimarães. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que concordam com o Requerimento permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO de forma unânime.
Queremos
saudar a presença no Plenário do ex-Deputado e Vereador por muitos anos nesta
Casa, pelo PDT, Dilamar Machado, pessoa que aqui deixou as melhores referências
na sua trajetória pública. (Palmas.)
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os Vereadores/05
minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
3248/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 050/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que institui o prêmio
Quilombo dos Palmares e dá outras providências.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Cláudio Sebenelo: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver. José Valdir: pela aprovação do Projeto.
Observação:
- discutiram a matéria os
Vereadores R.Guimarães, H.Bonumá, E.Guimarães, S.Saraí, A.Losada, L.Braz,
P.Brum, S.Santos e C.Maranhão.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o Projeto de Resolução nº
050/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que institui o prêmio Quilombo dos
Palmares e dá outras providências. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
discutimos, aqui, nos derradeiros momentos, o prêmio Quilombo dos Palmares
proposto pelo Ver. Renato Guimarães, que institui um prêmio que será concedido
anualmente, no mês de novembro, nas seguintes modalidades: atuação nas áreas
artístico-cultural, afro-religiosa e político-social. O prêmio na modalidade
artístico-cultural será concedido a grupos ou entidades que, em sua atuação,
desenvolvam um trabalho que busque a eliminação da discriminação racial e a
construção da auto-estima da população negra. Na mesma linha, os prêmios nas
modalidades afro-religiosa e atuação político-social.
Essa matéria, Sr.
Presidente, que tramita na Casa desde 1998, foi examinada pelas Comissões e, inclusive,
no próprio ano de 1998, ano da sua proposição, a Comissão de Constituição e
Justiça dava o primeiro parecer, que está colocado nos autos de forma muito
clara, dando a posição de toda aquela Comissão, através do relatório do Ver.
Cláudio Sebenelo, exarado no inicio do ano de 1999, sob o aspecto legal,
recomendar a aprovação. Quero salientar que a Comissão de Constituição e
Justiça, quando examina um projeto, o faz, exclusivamente, tendo em vista a sua
condição de admissibilidade na Casa, isto é, se ele tem ou não imperfeições
técnicas, jurídicas que possam, impedir a sua tramitação. Então, nessa linha -
e o Ver. Cláudio Sebenelo analisou a matéria, recebeu a totalidade do apoio da
Comissão, porque, realmente, o Projeto é legal, regimental e não tinha por que
ser obstado por essa matéria, por essas razões, o que não impede que ninguém
que tenha aprovado na Comissão de Constituição e Justiça essa matéria, agora,
debatido o mérito que contém o Projeto, possa se posicionar contra a sua
aprovação, não que isso implique uma negativa no direito de proposição de uma
matéria dessa ordem, mas sim na avaliação do mérito propriamente dito da
matéria que é objeto da decisão.
Por isso, fiz questão de
vir à tribuna para colocar essa posição, que eu aguardo os últimos
posicionamentos, porque não tenho uma posição definitiva quanto à matéria,
estou avaliando os prós e contras que a discussão tem levantando e permitido de
que surja, em torno da proposição, que é tecnicamente bem-elaborada, que
mereceu a aprovação da Comissão de Justiça, mas, nem por isso, nem todas as
matérias que são legais e regimentais são meritórias e merecem o nosso apoio.
Então, não quis deixar passar essa oportunidade ante a possibilidade de vir a
me posicionar de uma forma que possa parecer incoerente, estou fazendo essa
ressalva em tempo hábil, dizendo que neste momento irei-me debruçar sobre o
assunto olhando o mérito, porque até o presente momento olhei só a legalidade,
esta, é indiscutível, é uma prerrogativa do Vereador propor a instituição de um
prêmio com as características que foram propostas pelo Ver. Renato Guimarães e
que, meritórias, merecem a aprovação da Casa. A discussão do mérito é que está
posta para os Srs. Vereadores.
É lícito que se coloquem
prêmios, evidenciando esses fatos que o Ver. Renato Guimarães coloca na sua
Exposição de Motivos, é o esforço contido, suficientemente capaz de eliminar
qualquer ranço de discriminação, que é o objetivo principal do Projeto, não se
estará, ao tentar evidenciar a luta da auto-afirmação da raça negra, cometendo
algum tipo de discriminação?
São
interrogações a que não ouso ter respostas neste momento, mas que, certamente,
haverei de tê-las no momento em que tiver que exercitar o voto que, na minha
condição de representante popular, me impõe como uma decorrência natural e
conseqüente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para discutir o PR nº 50/98.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Livres
das algemas da senzala, presos à miséria da favela. Depois de um escravismo que
deixou como seqüelas na sociedade brasileira toda a nossa visão etnocêntrica em
que nossas relações comuns e individuais são eivadas de seqüelas do escravismo.
A
Antropologia mundial se volta hoje para a África para ir em busca de tudo
aquilo que perfidamente, anticientificamente, nos foi roubado desse manancial
imenso cultural que aquelas tribos africanas dizimadas traziam em cada coração
que aqui chegava.
Hoje,
o Ver. Renato Guimarães, ao instituir o prêmio “Quilombo dos Palmares” o faz em
busca da redenção de uma dívida insuportável que este País tem para com as
raças escravizadas - e, neste País, o índio, quase exterminado, e o negro, são
os credores desse resto de consciência moral, de ética de uma nação e respeito
-, pelo genocídio praticado contra nossos irmãos negros. Há que se fazer a
busca científica de todo esse manancial de cultura posto pela janela,
indiscutivelmente provado, comprovado, indestrutível, quando, sob qualquer
aspecto, examinarmos a cultura negra.
Eu
proponho que apenas se tome, como raciocínio, uma de todas as chaves culturais
que podemos abrir: a música.
Se
entendermos que negros saíram da África, pelo Atlântico, em direção às três
Américas, teremos, na América do Norte, o jazz, uma música eminentemente negra;
o soul, uma música doída, uma música dolente, uma música que tem, na raiz da
sua composição, o sofrimento de uma raça. Se você vai ao Caribe verá que a
música caribenha tem todo o veneno, todo o charme e toda a raça da manifestação
autêntica, de dentro para fora, desse povo negro maravilhoso que povoou o sul,
o centro e o norte de veios culturais, que fomos, aos poucos, assassinando.
Eles é que tiveram que ser sincréticos, eles é que tiveram que se adaptar às nossas
religiões. Por quê, se eles tinham a deles?
Vejam,
na América do Sul, essa verdadeira explosão de alegria que é o samba, essa
explosão de sensualidade, essa explosão de inteligência, quem nos trouxe tudo
isso, esse manancial de cultura, para qualquer parte das Américas, em qualquer
parte do mundo, se examinarmos, foi indiscutivelmente a cultura negra.
Se
pensarmos que uma só tribo, chamada Tribo dos Bantos, tem mais de cem dialetos,
podemos imaginar o que, com a nossa cultura escravista, pusemos fora, na
contramão da história, no ridículo do etnocentrismo em que a consciência do
branco foi inconsciente para perceber que estava ao lado de um dos maiores
mananciais da humanidade, de cultura, postos fora pela ignomínia. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Ver. Helena Bonumá em
tempo cedido pelo Ver. Décio Schauren.
A
SRA. HELENA BONUMÁ: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, agradeço ao Ver. Décio Schauren a cedência do
tempo. O Ver. João Dib indagava por que eu precisava de mais tempo. Pretendo
abordar uma questão que dois Vereadores levantavam da tribuna. Parto do
princípio de que todos nós somos contra o racismo e suas manifestações. E
todos, também, compreendemos a importância da grandiosidade da contribuição dos
afro-descendentes, dos negros, à nossa cultura, à nossa economia, à nossa
sociedade, enfim à nossa alma gaúcha e brasileira.
Quero
tratar de uma questão bem pontual, que foi o questionamento que alguns
Vereadores fizeram, se uma proposição deste tipo, como a que traz o Ver. Renato
Guimarães, que institui o Prêmio Quilombo dos Palmares, premiando atuações na
área artístico-cultural, na área afro-religiosa e na área político-social, se
esse tipo de proposta não está discriminando, não está incorrendo em uma discriminação.
Acho
que é importante fazermos uma discussão a respeito do caráter e da importância
das ações e das políticas afirmativas. Nós temos que romper com esse pensamento
- sinto muito que o Ver. Reginaldo Pujol não esteja no Plenário, porque ele manifestou
essa preocupação, juntamente com o Ver. Luiz Braz -, e o raciocínio que temos
que fazer, e o que é correto dizer-se neste caso, é que as políticas
afirmativas e as ações positivas são necessárias; não são só importantes, são
necessárias para que, de fato, ataquemos a desigualdade. Nesse sentido elas não
são discriminatórias.
Estamos
discutindo um Projeto que tem o caráter de resgatar a importância da população
negra para a nossa sociedade, através dessa premiação, mas isso é verdadeiro
também para outras discriminações. Temos que partir do princípio de que aos
desiguais temos que ter políticas diferentes, senão, é impossível tratar
aqueles setores da população que, historicamente, têm sido discriminados de
forma brutal, como bem colocou o Ver. Cláudio Sebenelo e outros que falaram,
portanto, setores que chegam aos dias de hoje, a partir de todo um processo
histórico que os discrimina e que os relega a uma situação de marginalidade em
vários aspectos da vida social. É impossível que se pretenda que esses setores
consigam uma equiparação de direitos na sociedade se nós não tivermos políticas
e ações concretas que invertam essa lógica que a sociedade, automaticamente,
pelo seu funcionamento, reproduz, que é a lógica da marginalização e a lógica
da discriminação desses setores.
É
aí que reside o âmago da questão: a sociedade ao natural, pela natureza de seu
funcionamento, tende a reproduzir, modernizando, inclusive, as formas de
marginalização, de opressão e de discriminação sobre esses setores.
Se
é certo que temos conquistas, se é certo que temos manifestações, se é certo
que há reconhecimento - e o fato de haver na Câmara de Vereadores um Projeto
desse tipo significa o reconhecimento, nós temos também na platéia nos
acompanhando a Assessoria do Negro da Prefeitura Municipal, do Gabinete do
Prefeito, que é um reconhecimento, e que é uma conquista -, se é certo que
essas conquistas existem - e efetivamente existem, é certo, também, que a
sociedade no seu funcionamento natural reproduz as discriminações, reproduzindo
a marginalidade nesse setor. Se formos pela estatística veremos que esses são
os piores salários, tem a maior mortalidade infantil, são as piores situações
de habitação, situações de emprego, o maior índice de desemprego. Isso ao
natural no funcionamento da sociedade capitalista, que é excludente, se
reproduz. Temos que pensar que se quisermos conquistar essa igualdade é
necessário que se tenha ações que compensem essa brutal desigualdade histórica
que, ao longo do funcionamento da sociedade, foi-se gerando, entranhada no
tecido social, entranhada nas relações sociais e existe como valor, e como
prática concreta de toda uma sociedade, e governos inclusive. Essas medidas vêm
para corrigir essa distorção. Elas são importantes nesse sentido.
Há
quem diga que se deve chamar de discriminação positiva, porque é, sim, está-se
distinguindo um setor marginalizado para tratar aquele setor com políticas
diferenciadas no sentido de recuperar o atraso histórico em que eles estão
submetidos dentro da sociedade.
Não é, portanto, discriminatório um Projeto
desta natureza, ao contrário, ele vem compensar estas brutais desigualdades
históricas, ele é necessário. A discriminação seria se não tivéssemos políticas
diferenciadas para tratar setor que, historicamente, tem sido subordinado pelas
nossas políticas e pela nossa cultura discriminatória. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann cede o seu tempo
para o Ver. Renato Guimarães. O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para
discutir o PR nº 50/98.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, até
entendo o espanto do Ver. João Dib. Este Projeto foi discutido em duas Sessões,
mas o conjunto do debate terminou ficando um pouco prejudicado. Vim discutir
por que me senti na obrigação pois, no último debate, fiz um anúncio que ficou
prejudicado. O debate feito nesta Casa acabou por criar a necessidade do por
quê de um termo como esse. Ficou claro aqui, o não-reconhecimento de que
existem desigualdades e que os atos descendentes em nossa sociedade não
necessitam de ações afirmativas para a construção de seus espaços e afirmações
de sua identidade.
A
afirmação aqui de que os afro-descendentes não necessitam de políticas e ações
afirmativas, mascara, construindo o mito da democracia racial que diz que não
precisamos disso. O debate feito aqui, justifica a necessidade de termos, cada
vez mais, políticas e ações afirmativas, inclusive o Projeto coloca este caso.
Não
é compreensível que nesta Casa ainda resida o velho conceito - e aí ocorre o
problema - de que a ação discriminatória positiva não constitui espaço para a
construção da política dos grupos. Cada vez mais, nós, militantes dos
movimentos sociais, vemos a necessidade, Vera. Tereza Franco, de constituir um
conjunto de ações que chamem a atenção da sociedade, sendo que este Prêmio
ocorreu nesse sentido. Nós fizemos este registro aqui, que no ano passado,
quando propusemos a homenagem a um tamboreiro desta Cidade e fomos investigar o
conjunto dos prêmios que a Casa oferecia, ela não tinha nenhum para premiar
aquele tamboreiro.
Por
que escolheram o Prêmio Quilombo dos Palmares? É para constituir aqui a
referência do que significou o Quilombo Palmares e a sua importância para a
luta e resistência do povo brasileiro, porque hoje comemoramos 500 anos, e há
outros 500 anos para comemorar, com muita resistência. Quilombo dos Palmares
deixou a sua marca de resistência e de como um povo organiza-se com uma visão
coletiva, de como ele resiste à crueldade de um regime que não pensava em
liberdade, em como essa população tinha de existir aqui no País, e o Quilombo
fez essa referência. Baseando-se nessa citação é que trouxemos a indicação
desta premiação.
O
Ver. Luiz Braz trouxe à tribuna um debate de que o nosso Prêmio era discriminatório.
Eu disse: “Vereador Luiz Braz, o seu entendimento é totalmente equivocado, pois
nós temos uma visão de discriminação positiva, que aponta para um conjunto de
políticas, mas V. Exa. não fez a leitura do Projeto.” O Projeto não discrimina
ninguém, pelo contrário, ele afirma que esta Casa necessita de um conjunto de
ações para premiar e destacar atuação dos afro-descendentes, tanto que o
conjunto dos prêmios nas áreas artístico-cultural, afro-religiosa,
político-social está bem claro, e diz que será concedido àquelas pessoas,
grupos ou entidades que tenham atuado em prol da construção da cidadania da
população afro-descendentes. Essa é a nossa concepção, ampla, aberta,
verdadeiramente democrática de como construímos a dita e esperada democracia racial
nesta sociedade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Apregoamos o Ofício nº 303/99, uma
comunicação do Sr. Prefeito Municipal nos seguintes termos: “Sr. Presidente, ao
cumprimentá-lo respeitosamente, comunico que deverei me ausentar do município,
a partir das 19h do dia 07 de junho de 1999, retornando às 23h do dia seguinte.
Nesta oportunidade, deverei viajar a Brasília, DF, onde participarei de
Audiência Pública com a Comissão de Reforma Tributária da Câmara Federal, que será
realizada com os Prefeitos do Fórum de Governantes de Cidades Metropolitanas.
Da mesma forma, será efetivada uma reunião entre as entidades municipalistas e
os governadores de oposição. O referido deslocamento é com ônus, devendo
assumir o Poder Executivo o Vice-Prefeito, Sr. José Fortunati.”
A
Vera. Tereza Franco cede seu tempo para a Vera. Clênia Maranhão, que está com a
palavra para discutir o PR nº 50/98.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
representantes da comunidade dos afro-descendentes aqui presentes, eu quero
agradecer à Vera. Tereza Franco pela cedência de tempo. Tendo em vista que eu
já havia falado anteriormente sobre este Projeto, em uma Sessão que se alongou
pelo período da noite, onde tivemos um importante debate, a partir do Projeto
do Ver. Renato Guimarães, sobre políticas afirmativas, racismo, preconceito e
resgate da cultura e da história do Brasil. Porém, considerando que foi
colocado aqui um contraponto nesta posição, a qual me somo, de que é necessária
a construção de ações afirmativas na luta contra a discriminação, eu solicitei
a gentileza da Ver. Tereza Franco para poder voltar à tribuna me pronunciando
sobre a proposta de criação de um prêmio que é fundamental para o resgate da
cultura brasileira e de uma das experiências políticas mais importantes que
viveu o Brasil, que foi a experiência de “Quilombo dos Palmares”.
O
fato de o Brasil conhecer tão pouco a história de uma população de mais de
trinta mil pessoas que se aglutinaram em cima de um ideal de liberdade em uma
região extremamente pobre, em um momento de poder tremendamente centralizado,
em pleno Séc. XVI, acho que é, por si só, fundamental que se crie, sobre este
fato, novas recordações e novas homenagens.
Acredito
que os pronunciamentos que aqui me antecederam já são mais do que suficientes
para vermos a importância de um prêmio, que seja um prêmio que resgate a
importância de Zumbi dos Palmares. A experiência de Palmares, no interior do
Nordeste, significou a possibilidade de um exemplo para a população, de como
uma parcela da população, mesmo sem armas, mesmo em condições econômicas e
políticas de escravidão, mesmo extremamente subjugada, é capaz de, fortalecida
apenas por seus ideais, constituir uma experiência de liberdade.
O
Quilombo dos Palmares é, talvez, a primeira experiência brasileira de uma
sociedade igualitária, onde as pessoas lutavam a partir da sua crença,
organizavam-se a partir da sua identidade e buscavam os caminhos de liberdade,
construindo esses caminhos em cima da certeza de que o coletivo é o caminho
capaz da mudança, capaz da redenção de uma população que é escrava.
Acho
que, principalmente neste ano, quando se discute tanto os quinhentos anos da
colonização portuguesa no Brasil, é um ano fundamental para aprovarmos um
Projeto como este, porque foi dentro desses quinhentos anos que aconteceu o
Quilombo dos Palmares, e é dentro desses quinhentos anos que a população
afro-descendente, que as entidades indígenas têm que se organizar para poder
fazer com que a história, que não é sempre oficial, conte as experiências que
nem sempre são resgatadas, como parte evidente e significativa da história
brasileira, que são, muitas vezes, contadas nos livros, apresentadas na mídia,
colocadas para a sociedade. Acho que é o resgate de uma experiência através de
um prêmio, de uma Câmara Municipal de Porto Alegre, como a definição de um
prêmio Zumbi dos Palmares, mostra, na verdade, a multiplicidade da sociedade
brasileira, mostra a história de resistência que foi construída ao longo dos anos
neste País. Porque é importante resgatar para que não achemos que apenas uma
visão unânime, vista de um só ângulo, representa a verdadeira história da
construção deste País, que é um País extremamente múltiplo do ponto de vista da
sua construção racial, que é um País extremamente diversificado do ponto de
vista da sua expressão cultural, que é um País extremamente complexo do ponto
de vista das suas características regionais. Sempre se trabalha um tema através
de um reconhecimento, porque é isso que é um prêmio, um prêmio é o
reconhecimento de uma experiência. Normalmente, um prêmio é um resgate de uma
história, de um compromisso, de uma ação, de uma pessoa, de um setor que,
enquanto existiu, lutou e se colocou como coadjuvante, ou se colocou como partícipe
de um processo de mudança.
O
Projeto do Ver. Renato Guimarães, que sugere um prêmio resgatando a imagem do
Zumbi do Quilombo dos Palmares, é uma possibilidade de restaurarmos uma verdade
histórica, de restaurarmos uma participação efetiva da maior parte da população
brasileira, que é efetivamente a população afro-descendente. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para discutir o PR nº 50/98.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hesitei
muito em vir à tribuna. Não vim na Sessão passada, quando este Projeto estava
sendo abordado. E por quê? Não que não reconhecesse a importância da matéria e,
até mesmo, da reverência que se fazia a esta raça tão nobre e tão valorosa, mas
me resguardava, o que iria dizer de novo? Hoje, repentinamente, rompi esta
resistência e resolvi vir à tribuna para dizer alguma coisa a essa gente tão
valorosa que compõe a raça brasileira. Algumas vezes já tenho saudado, na data
significativa da raça negra, este contingente. Mas, uma recomendação: não
deixem que a ingratidão empane o brilho da sua jornada; não deixem que a Lei
Áurea e a Princesa Isabel fiquem esquecidos, porque levantam, de repente, a
figura do Quilombo dos Palmares - Zumbi e, praticamente, destroem a imagem
daquela mulher formidável, que foi a Princesa Isabel; não façam isso, porque a
gratidão é um fardo tão pesado, que os menos formados se aprestam a deixá-lo
nas primeiras dobras do caminho! É muito fácil se depositar o fardo da
gratidão, não se saudar um amigo, não se fazer reverência àquele que nos
ajudou. Não façam isso!
A
raça negra tem um lugar na História. Não só a Rebelião de Canudos, não só a
Guerra do Contestado, como a própria Guerra do Paraguai. O negro está lá, o negro
está nos morros do Rio de Janeiro, na saúde, onde, voltando da Guerra do
Paraguai e, não tendo onde ficar, povoou os morros, e surgiu daí essa página
maravilhosa que é a música popular brasileira.
Para
contentamento do Ver. Cláudio Sebenelo, rabisquei a letra maravilhosa criada
por Ari Barroso: “O nêgo tá molhado de suor.” E diz, o estribilho: “Trabaia,
trabaia nêgo.” E continua: “O nêgo pede licença pra pará. Trabaia, trabaia
nêgo. O nêgo não pode mais trabaiá. Trabaia, trabaia nêgo. Quando o nêgo chegô
por aqui, era mais livre e ligeiro que o Saci. Varava esses campos, esses
morros, essas terras sem fim. O nêgo era moço, e a vida um brinquedo pra mim.
Mas esse tempo passô, essa terra secô, a velhice chegô e o brinquedo quebrô.
Nêgo tem pena de tê-se acabado. Nêgo carrega este corpo cansado.” Isso é Ari
Barroso, na grande página que escreveu e que eu rabisquei. Se a memória de um
velho ajudou, eu rabisquei aqui, na contracapa do Projeto, essa homenagem que
faço ao negro, porque fui buscar lá, na minha juventude, essa música
maravilhosa do rei Ari Barroso. O rei, fazendo reverência a uma raça que tinha,
na verdade, uma expressão magnífica do Brasil. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. Guilherme
Barbosa, que cede seu tempo à Vera. Sonia Saraí.
A SRA. SONIA SARAÍ: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
na última Sessão em que foi abordado esse tema, eu falei que era quase
dispensável falar sobre essa brilhante iniciativa do Ver. Renato Guimarães. Para
minha surpresa, um Projeto que, a princípio, seria simples, rápido, de consenso
nesta Casa, estendeu-se durante uma Sessão, até à noite, e nos levou a discutir
o mesmo tema por uma semana e conversar bastante para ver se conseguimos
aprová-lo.
Quero
fazer uma reflexão, neste momento, sobre por que acontece isso. Já vimos tantos
outros Projetos muito mais polêmicos do que este conseguirem transitar nesta
Casa sem maiores problemas, aí, num título merecido, que o Ver. Renato
Guimarães quer conceder, acontece toda essa situação. Começamos a discutir numa
semana e vamos até a outra semana para ver se podemos ou não podemos conceder
título para quem trabalha e faz trabalhos maravilhosos com a população dos
afro-descendentes.
Então,
Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, este momento é importante para reafirmarmos
que nós não somos todos iguais, que a nossa sociedade não é justa, que ela não
está servindo para todos, e que não podemos tratar quem é diferente com
políticas iguais. É por isso que uma lei como esta, do Ver. Renato Guimarães,
consegue criar tantos constrangimentos numa Casa tão avançada e tão brilhante
como é a Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Eu queria, neste momento, sem
polemizar, solicitar que todos os Vereadores refletissem sobre o que é, realmente,
discriminação, o que é, realmente, preconceito e por que um tema aparentemente
de consenso cria uma situação tão polêmica quanto essa. Nós precisamos admitir
que não é igual para todo mundo, não, que as mulheres não são iguais aos
homens, que os negros não são iguais aos brancos, e que não há problema nenhum,
Senhoras e Senhores, em não sermos iguais. O problema que estamos discutindo
aqui é que nós não somos iguais, mas queremos ser tratados com o mesmo respeito
e dignidade com que são tratados os homens, os ricos, os brancos. E uma
iniciativa como esta, do Ver. Renato Guimarães, é de um valor inestimável para
quem é afro-descendente.
E
aí, para finalizar, Sr. Presidente, eu queria solicitar que esta Casa votasse
este Projeto hoje, e que outras vezes possamos debater a partir do ponto de
vista do mérito da questão. Porque, num primeiro momento, se debateu a questão
do ponto de vista legal, e aí não havia nenhum problema legal; agora estamos
discutindo a partir do mérito, e o mérito é nós conseguirmos assumir que há
diferenças em nossa sociedade e, a partir daí, corrigir a vergonha que a
História do Brasil fez quando tratou os afro-descendentes do jeito que tratou.
E nós estamos chegando aos quinhentos anos e não estamos conseguindo nem
admitir que fizemos essas atrocidades com os negros brasileiros. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir a matéria do PR nº 50/98.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O
Projeto do Ver. Renato Guimarães resgata duas questões importantes. A primeira,
é a lembrança e o reforço à questão do Quilombo dos Palmares. A outra questão,
é que nós temos que ter políticas afirmativas. Fazer democracia não é
simplesmente tratar todos igualmente, pelo contrário, é tratar desigualmente os
desiguais através de políticas afirmativas para aqueles setores que, de alguma
forma, pela sua condição biológica, física, social ou racial não podem garantir
os seus efetivos direitos de cidadania. Portanto, numa democracia, nós temos
que ter a chamada discriminação positiva para que esses setores possam ter
acesso aos direitos, às garantias individuais a que todos os seres humanos têm
direito.
Acho
que o Projeto é bem claro, ele não discrimina, na medida em que farão jus ao
prêmio todas aquelas entidades e pessoas, sejam brancas, negras, índias, de
qualquer conotação racial, que tenham dado uma efetiva contribuição à afirmação
e construção da cidadania dos afro-descendentes. O Projeto não é absolutamente
discriminatório. Sobre essa primeira questão, acho muito importante refletirmos
sobre a importância do Quilombo dos Palmares.
Este
Projeto vem questionar uma das grandes lendas, uma das grandes mentiras da
historiografia oficial do Brasil, que diz que o nosso povo é de índole
pacífica, que não lutou pela chamada independência, que a ganhou graças à
bondade do Príncipe Regente, filho do Rei de Portugal, que o Brasil não lutou
contra a escravidão, que ganhou a abolição da escravatura pela bondade da
Princesa Isabel. Essa é uma das grandes mentiras da historiografia oficial, até
porque, quando a Princesa Isabel decretou a Lei Áurea, em 1888, a maior parte
da economia brasileira já não funcionava mais com base na escravidão. O setor
de ponta, que era o setor do café, em São Paulo, decadente na época, funcionava
em grande parte com mão-de-obra imigrante e estava mais interessado num outro
tipo de escravidão, que é a escravidão do capital, e não a escravidão ligada ao
latifúndio. O setor mineiro estava em decadência e o setor nordestino, o setor
da cana-de-açúcar, ainda persistia com a escravidão. A maior parte das
províncias já tinha “libertado” - entre aspas - os seus escravos, como é o caso
do Rio Grande do Sul. A Igreja, que tinha escravos, porque todo o trabalho dentro
da Santa Madre Igreja - que o Ver. João Carlos Nedel tanto glorifica nesta
Câmara - era feito por escravos, libertou os escravos cerca de dez anos antes.
Todos os paramentos do padre, todos aqueles serviços dentro da Igreja eram
feitos por escravos. A Igreja era contra a escravidão do índio e a favor da
escravidão do negro. Então, sobrava, praticamente, o setor nordestino da
cana-de-açúcar, setor atrasado, de latifundiários extremamente atrasados que
ainda mantinham escravos. Foram esses escravos que a Princesa, num canetaço,
“transformou” - entre aspas -, do dia para a noite em homens livres. Tanto que
esses latifundiários, em represália, porque queriam indenização, quando, na
verdade, quem tinha que ser indenizado eram os negros, juntaram-se aos militares
descontentes da Guerra do Paraguai e deram o golpe que instituiu a República,
em 1889, um ano depois.
Então,
na verdade, o que estamos resgatando aqui é, exatamente, a História contada do
ponto de vista do afro-descendente, do ponto de vista do negro, uma História
onde a escravidão, desde o primeiro momento em que aqui se instalou, obteve
reação dos negros. Essa História precisa chegar aos livros didáticos. O
Quilombo dos Palmares, como foi aqui colocado pela Vereadora que me antecedeu,
foi um exemplo de democracia, porque, inclusive, havia também brancos e índios
participando lá dentro, que eram os excluídos do latifúndio. Essa é a
verdadeira História que esse prêmio vai-nos fazer, permanentemente, retomar
nesta Casa, porque toda vez que entregarmos o Prêmio Quilombo dos Palmares,
vamos recontar essa história, para acabar com as lendas e mentiras da
historiografia oficial a respeito da verdadeira História Brasileira. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir o PR nº 50/98.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes
de mais nada eu devo dizer que vou votar, como já disse várias vezes ao Ver.
Renato Guimarães, favoravelmente ao seu Projeto.
O
Quilombo dos Palmares teve uma existência de mais de um século, de mil
quinhentos e noventa a mil seiscentos e noventa e quatro. No ano de mil
seiscentos e setenta e oito o governo, entendendo que era difícil fazer a
terminação, a destruição do Quilombo dos Palmares procurou fazer um acerto, e
Gangazumba, que comandava o Quilombo, assinou este acordo, mas Zumbi não
concordou e se manteve na liderança até mil seiscentos e noventa e quatro,
quando o Quilombo foi destruído.
Eu
não estou dando aula de História, até porque não me compete; o Professor José
Valdir faria melhor do que eu, e se aqui estivesse o Professor Giovani Gregol
faria melhor ainda. Mas o que quero dizer, é que estou satisfeito. Esta Casa
tem como data oficial, festiva, o dia vinte de novembro dedicado a Zumbi. O
nobre, eminente Professor José Valdir já disse das suas contrariedades com a
Lei Áurea, que libertou os escravos, até porque os escravos eram muito mais
caros para os produtores brasileiros do que os imigrantes que aqui chegavam. O
que me alegra, o que me satisfaz é que todos reconhecem a necessidade de
proteger os afro-descendentes como aqui diz.
Então,
esta Casa, através do nobre, eminente Vereador Renato Guimarães estabelece o
prêmio Quilombo dos Palmares e dá outras providências. Diz que institui três
prêmios: o prêmio Quilombo dos Palmares que será concedido anualmente, no mês
de novembro, data do Zumbi, provavelmente, nas seguintes modalidades: Atuação
na área artístico-cultural; Atuação na área afro-religiosa e Atuação
político-social. Só não diz qual será o prêmio! Não diz o que o premiado vai
receber; não diz se é apenas um abraço, diz que é um prêmio! Não diz qual; não
diz como. É um Projeto de Resolução da Casa, deveria estar explicitado. (Lê o
Projeto.) Não sei qual é o prêmio, mas é um prêmio. (Lê o Projeto até o fim.) É
um meio prêmio! Mas, de qualquer forma poderia ser, nobre Ver. Renato
Guimarães, apenas uma saudação dizendo a eles “saúde e paz”. Se eles tivessem
saúde e paz, teriam mais do que qualquer troféu ou prêmio que lhes possa ser
outorgado, porque é muito bonito fazer discurso, aqui, e, depois, na rua passar
à distância. Então, eu fico feliz porque, de repente, de tanto repetir ela vai
ser verdade mesmo; não é mentira, Ver. José Valdir, que, há pouco tempo, usou
isso aqui, de tanto repetir uma mentira, ela se tornou verdade. Mas, de tanto
repetir uma verdade, que é necessário respeitar os nossos semelhantes, de
repente, nós estaremos respeitando os nossos irmãos afro-descendentes, para
utilizar a expressão do nobre Ver. Renato Guimarães.
Então,
nobre Vereador, tem o meu voto, tem a minha solidariedade e espero que se faça
um belíssimo troféu, mas, mais do que um troféu, eu espero que a alma de cada
um de nós seja ofertada, um pouquinho só, naquele dia em que os prêmios serão
distribuídos. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Vereador Eliseu Sabino está inscrito
para discutir e cede seu tempo para o Vereador Luiz Braz. O Vereador Luiz Braz
está com a palavra para discutir o PR nº 50/98.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu já
havia discutido esse Projeto e afirmado, nas vezes em que estive na tribuna,
que deveríamos acabar com esse tipo de homenagem, porque a meu ver ela é
demagógica e, na verdade, não melhora a situação do negro, que precisa um
tratamento diferenciado, exatamente na aplicação de recursos nas áreas da
saúde, da educação, da habitação, onde ele é extremamente discriminado. A
discriminação está aí, exatamente nessa política que é reafirmada, pelo
terceiro ano, pela chamada Administração Popular.
Eu
tenho um amigo, que é uma das pessoas que mais atua nessa área, como um dos
guias do movimento negro, e que me fez ver um fator positivo numa proposta como
essa. O meu amigo se chama Pernambuco. Eu recebi a sua visita, disse a ele o
que eu pensava. Ele acredita que o tipo de pensamento que manifestei da tribuna
tenha lá as suas razões de ser. Ele também acredita que não soma muita coisa
prática em defesa do negro em si, ou não melhora muito a condição do negro, mas
ele me deu um argumento que me fez refletir, que é o argumento da visualização.
Segundo ele, cada vez que tivermos alguém da raça negra homenageado, nós
estaremos abrindo um espaço na imprensa, em canais de rádio e televisão, onde o
elemento negro poderá colocar as suas idéias.
Vindo
de uma pessoa que considero bastante dentro do movimento negro, acho que o
argumento é sólido e vou rever a posição que tive, nesta tribuna, em
pronunciamentos anteriores dizendo que votaria contrariamente ao Projeto de
autoria do Ver. Renato Guimarães, muito embora acreditando que nós precisamos
rever essa discussão da discriminação do negro, fazendo com que a política
adotada pelo Município possa deixar o negro em condições melhores em outros
setores, como no da educação, saúde e habitação. Não vejo, realmente, o porquê
de não atender o pedido do meu amigo Pernambuco e votar favoravelmente a essa
proposição do Ver. Renato Guimarães, modificando a posição que antes eu havia
anunciado nesta tribuna. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Elói Guimarães está com a
palavra para encaminhar a votação do PR nº 50/98.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, já
tivemos oportunidade de fazer algumas reflexões sobre a matéria que reputamos,
que dissemos quando examinávamos a matéria, de suma importância, porque,
realmente, uma das chagas da nossa sociedade situa-se na discriminação e
especificamente na discriminação do negro.
Essas
questões, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, devem ser expungidas da vida
democrática, até porque a vida democrática haverá de conduzir para igualdade de
todos, independentemente de raça, credo, religião, enfim, posições filosóficas.
A igualdade é um princípio fundamental que só terá sentido se efetivamente se
concretizar na prática, e a discriminação interrompe, interdita a democracia.
Enquanto não for eliminada a discriminação, efetivamente, concretamente, não
teremos a democracia por todos pensada e por todos almejada.
Então,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse Projeto de autoria do Ver. Renato
Guimarães resgata sim uma série de questões e deverá servir para que se chame a
atenção da sociedade para a questão da discriminação. É bom que se diga que a
discriminação do negro está no negro também. Essa é uma grande verdade e nós
conhecemos, porque há inoculada exatamente nessa questão, a questão econômica,
e nós sabemos que há uma discriminação básica, na sociedade mundial eu diria,
hoje, que é a discriminação dos despossuídos, a discriminação que se faz contra
o pobre, contra aquele que não tem onde cair, como se diz na linguagem popular.
Então,
a discriminação do negro, a discriminação racial existe na própria raça negra,
porque ali, culturalmente ou economicamente, está embutido um dado econômico e
é comum dizer-se, por exemplo, e apenas vamos citar, por que não se discrimina
o Pelé? Por que todos gostariam de chegar próximo ao Pelé? As brancas querem
casar com o Pelé! E por aí se vai. Vejam bem, há embutido no componente racial,
Ver. Renato Guimarães, um componente econômico, e aí sim reside a maior das
discriminações, que é a discriminação contra o pobre, a discriminação contra os
despossuídos.
Portanto,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em nome do PDT, devemos encaminhar
favoravelmente. Trata-se de um excelente Projeto, porque vem oportunizar,
durante a Semana da Consciência Negra que se faça uma reflexão sobre o papel da
sociedade na sua luta contra a discriminação.
Fica,
portanto, o nosso encaminhamento favorável no sentido de entender que é um instrumento
sim, é um suporte que se cria na Casa, um estribo para que se trabalhe na
defesa, ou seja, contrário à discriminação que se faz do negro, que também é
feita por parte do próprio negro. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Vamos apregoar uma Emenda que já havia
sido entregue à Mesa desde o dia 31 de maio.
Emenda
nº 1 aposta ao Projeto de Resolução nº 050/98, de autoria do Ver. Guilherme
Barbosa.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, as Emendas não deveriam
ser apresentadas no momento da discussão?
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, esta Emenda é relativa à
proposição que estamos, neste momento, encaminhando à votação.
Esta
Emenda está em poder da Mesa desde o dia 31 de maio e, por lapso, não foi
apregoada. Ela não foi entregue hoje, já estava dentro do processo e este
Presidente verificou. Agradeço a presteza de V. Exa.
O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para encaminhar a votação do PR nº
50/98.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, serei
sucinto. Por óbvio, votarei a favor do Projeto do Ver. Renato Guimarães, porque
o considero mais um foro de discussão sobre a problemática da negritude em
nosso País, de como se constituiu, evoluiu e se apresenta hoje diante dos
nossos olhos.
A
discriminação contra o negro ainda é um fato reconhecido. Não podemos sonegar à
opinião pública essa constatação. Não tenho procuração do setor negro para
defendê-lo, mas quero lembrar à Casa, que é constituída, quase toda, de gente
mais recente do que eu, que, no início da década de 80, quando vim pra esta
Casa, fui o autor da primeira lei que o Município de Porto Alegre produziu em
respeito ao negro pela discriminação com que ele é tratado.
Não
gosto de falar de mim, mas é preciso que algumas coisas sejam restauradas para
que quem nos vê pela televisão, quem nos ouve, tenha conhecimento de uma
história muito recente. Quando eu cheguei a esta Casa, o Município de Porto
Alegre, embora fosse uma democracia racial, não tinha nenhum dispositivo legal
que protegesse os negros da discriminação. Eu não quero dizer, com isso, que a
minha lei tenha sido a salvação dos negros porto-alegrenses, mas com ela se
começou a tratar o negro diferentemente.
O
que nós estamos fazendo hoje, com a aprovação desse Projeto, é progredir no
tempo e no espaço em relação à defesa da raça negra, tão discriminada entre nós
até hoje. É por essa razão que o Projeto do Ver. Renato Guimarães é meritório.
E outros aparecerão, subseqüentemente ainda, para aumentarmos esse envoltório
em que se revolve a nossa sociedade multirracial, na qual o negro tem um papel
muito importante.
Os
sociólogos brasileiros dizem que mais da metade da população brasileira está
impregnada da negritude. Nós aqui no Sul é que temos um viés brancófilo, mas,
do Centro para o Norte, o negro predomina na composição da etnia brasileira.
É
isso que nós, às vezes, não conseguimos entender, e é isso que precisa ser dito
e repetido todas as vezes que for possível. Por isso, quando se discutir, aqui,
o prêmio Quilombo dos Palmares, vai-se voltar ao tema, e é possível que, então,
se possa elucidar melhor essa questão. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Renato Guimarães,
como autor do PR nº 50/98.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a tempo
o Ver. João Motta nos pediu para aproveitar o debate que estamos fazendo em
torno do Projeto e fazer a referência de que o Conselho Nacional Africano, do
companheiro Mandela, conquistou maioria absoluta nas eleições do final da semana
passada, fazendo o registro da importância que teve o Conselho e a figura de
Nelson Mandela no processo de transição daquela sociedade, destacando que
aquela população coloca, novamente, nas mãos do Conselho Nacional Africano a
continuidade do trabalho. Isso é importante, traz ao debate a importância de
como aquele trabalho foi conduzido.
Quero,
nesse encaminhamento, fazer duas menções. Primeiro, não aceitar como provocação
a fala do Ver. Luiz Braz, dizendo que vota a favor, mas que é uma proposição demagógica.
Porque, o conjunto dos companheiros que apresentaram essa proposição, no nosso
ponto de vista, têm muita responsabilidade, são companheiros que vêm há muito
tempo lutando no Movimento Negro desta Cidade.
Se
deixasse passar seria uma pecha para esses companheiros, pois eles estariam
sendo chamados de demagógicos, uma vez que veio deles essa proposição, essa
idéia de instituir o prêmio Quilombo dos Palmares.
Em
segundo lugar, quero aproveitar para dizer que não tratamos, neste Projeto, de
resolver o conjunto, só instituímos o prêmio e colocamos que o prêmio será
entregue em novembro, na Semana da Consciência Negra e que será entregue,
também, um troféu, porque acreditamos que a Comissão que a Câmara Municipal
tem, que trata da Semana da Consciência Negra, é que deve definir, a cada ano,
qual o tipo do troféu, que figura vai representar na luta dos negros.
Vamos
trabalhar para que se crie um processo, na Câmara Municipal, que possa tratar
do troféu e da premiação que vai representar Quilombo dos Palmares.
Vimos
defendendo, desde o ano passado, que se possa retratar o companheiro Zumbi e
sua luta, e vamos continuar insistindo. O Projeto, no sentido de fazer a
referência, cria o prêmio e estabelece a questão de ser entregue um troféu no
mês de novembro. Nós, através da participação desta Comissão, vamos trabalhar
para que isso aconteça.
No
ano passado, quando se fez a Semana da Consciência Negra, homenageou-se uma
figura ilustre da Cidade, um afro-descendente, que é o companheiro Borel, um
tamboreiro de Porto Alegre. Foi feita uma Sessão Solene em que não foi entregue
a premiação. Esta Casa, então, já tem uma dívida com um cidadão da Cidade, com
o companheiro Borel, e espero que, a partir da aprovação desse Prêmio, nós a
possamos resgatar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Projeto de Resolução nº
050/98, Proc. nº 3248/98. Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com a abstenção do Ver.
Antonio Hohlfeldt.
Em
votação o Requerimento de autoria do Ver. Renato Guimarães, solicitando
dispensa do envio da Emenda nº 01 às Comissões. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
o aprovam o Requerimento permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
VOTAÇÃO
(encaminhamento: autor e bancadas/ 05
minutos/sem aparte)
PROC.
3176/97 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 032/97, de autoria da Mesa Diretora, que altera o Regimento da
Câmara Municipal de Porto Alegre. Com
Emendas nºs 01 a 15 e Subemenda nº 01 à Emenda nº 06.
Parecer:
- da
Comissão Especial: Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do
Projeto e das Emendas nºs 01, 02, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 15 e
Subemenda nº 01 à Emenda nº 06; pela rejeição das Emendas nºs 03 e 14.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 82,§ 1º, II, da LOM;
- votação nos termos do §
4º do art. 126, do Regimento da CMPA;
- as Emendas nºs 03 e 14,
com parecer contrário, não serão submetidas à votação (art. 55 do Regimento);
- retiradas as Emendas nºs
16 a 19;
- adiada a votação por
quatro Sessões.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Projeto de Resolução nº
32/97. Como se trata de uma matéria com uma certa complexidade, vamos suspender
os trabalhos para que possamos organizar uma forma didática para procedermos a
esta votação.
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 17h05min.)
O SR. PRESIDENTE (às 17h08min): Estão reabertos os trabalhos.
Vamos
colocar em votação uma proposição que há muito tramita na Casa e que por certo,
após os debates que aqui se travaram e a devida votação, melhorará muito o trabalho desenvolvido no Plenário
desta Casa. Os Senhores Vereadores receberam da Diretoria Legislativa uma folha
onde tem toda a ordem da votação. Inicialmente, colocaremos em votação Projetos
de Resolução com ressalva das Emendas e Subemenda. Posteriormente, faremos
votação, em bloco, das Emendas números 2, 4, 5, que não foram destacadas no
momento adequado, e porque, possivelmente, não havia razões para que fossem
destacadas. Depois vamos colocar em votação uma a uma as Emendas destacadas
podendo essas Emendas serem encaminhadas na sua análise por todas as Bancadas.
O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem):
Senhor Presidente,
encaminhando a votação, peço vênia para me manifestar apenas dando um consenso
que foi estabelecido agora entre as várias Lideranças que discutiram o detalhe.
É simplesmente uma orientação do procedimento que queremos tomar. Solicito a V.
Exa. que me assegure a palavra para encaminhamento da votação do Projeto.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para encaminhar o Projeto de Resolução nº 032/97.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como
foi destacado pelo Ver. Juarez Pinheiro, presidindo os trabalhos, teremos três
momentos distintos no encaminhamento e na definição deste Projeto de Resolução,
que modifica o Regimento da Casa, e que decorre, como todos sabem, de um longo
estudo do qual o Ver. Pedro Américo Leal participou na linha de frente e
propôs, obtendo a introdução de uma série de alterações que foram em grande
parte negociadas com os vários Vereadores que compunham a Comissão e que agora
está maduro para ser votado. São três momentos: no primeiro, votaremos o
Projeto com a ressalva das Emendas e Subemendas. Este Projeto pode ser
tranqüilamente aprovado por esta Casa, porque os pontos de discórdia, nós vamos
encontrar nas Emendas destacadas, onde as posições são divergentes e somente o
debate vai esclarecer e dar uma posição. Estamos propondo votar, no dia de
hoje, o Projeto com a ressalva das Emendas e Subemendas, votando as Emendas 2,
4 e 5, em bloco, porque essas também são pacíficas e já reúnem a convergência
total da Câmara. Havendo esses dois momentos fundamentais, instaurado o
processo de votação, e para que a discussão dos destaques não seja segmentada,
nós, após essas duas primeiras e fundamentais votações, deixaríamos o restante
para enfrentar objetivamente na quarta-feira. Votaríamos o Projeto, votaríamos
as Emendas 2, 4 e 5, em bloco, e as Emendas destacadas que são polêmicas, enfrentaríamos
na quarta-feira. Essa é a proposta que fazemos para obter um encaminhamento
adequado, assegurando que essa matéria voltaria na próxima Sessão, em primeiro
plano, já com a votação iniciada e que ficaria parcialmente interrompida. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para encaminhar a votação do PR nº 32/97.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Estou perfeitamente de acordo com a
sugestão do Ver. Reginaldo Pujol.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Projeto de Resolução nº
032/97, de autoria da Mesa Diretora. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em
votação as Emendas nº 2, 4 e 5, apostas ao Projeto nº 032/97 (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.
Queremos
comunicar aos Srs. Vereadores que visitará esta Casa, amanhã, às 16 horas, o
Presidente da FEE, Fundação de Economia e Estatística, o Sr. José Fialho
Alonso, cujo objetivo é uma troca de informações, a verificação da
possibilidade de convênio entre aquela Entidade e a Câmara de Porto Alegre, na
troca de matérias de ordem econômica.
Passamos,
conforme encaminhamento, à votação, uma a uma, das Emendas de nºs 1, 6, 7, 8,
9, 10, 11, 12, 13 e 15.
Verifico,
visualmente, neste momento, que não temos quórum para continuar com a Sessão
Ordinária.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às17h15min.)
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